Em meio a sanções, petróleo russo encontra “refúgio” no mercado indiano

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AP

Debilitada pelas sanções internacionais impostas por Estados Unidos e aliados depois da invasão à Ucrânia, a Rússia de Putin busca encontrar novos compradores para seu petróleo e gás. Um deles é a Índia, país que tradicionalmente importa uma pequena quantidade de óleo russo, mas que enxerga nas facilidades oferecidas por Moscou uma alternativa para garantir suas necessidades e driblar o alto preço do combustível no mercado internacional.

Na semana passada, o ministro russo do exterior, Sergei Lavrov, foi recebido em Nova Deli, onde conseguiu um entendimento para ampliar a venda de petróleo para o mercado indiano. “Eu coloco a segurança energética [da Índia] em primeiro lugar. Se o combustível está disponível com desconto, por que não devo comprá-lo”, justificou Nirmala Sitharaman, ministra das finanças da Índia, citando o desconto de US$ 35 por barril oferecido pelos russos.

Com mais óleo russo, as refinarias indianas estão aproveitando para ampliar a produção de combustível a preços mais baixos do que seria possível caso comprasse o petróleo no mercado internacional. De acordo com a Bloomberg, a Índia contratou novas compras de petróleo russo para entrega nos próximos três a quatro meses. Associated Press e Reuters também repercutiram a notícia.

Ao mesmo tempo, a Bloomberg também informou que uma petroleira russa, a Paramount Energy & Commodities, vem oferecendo condições facilitadas para compra de petróleo por seus clientes na China, com a possibilidade de pagar pelo combustível em yuan, sem a necessidade de trocar a moeda chinesa por divisas como euro ou dólar.

Na semana passada, Putin impôs uma restrição aos pagamentos internacionais por petróleo e gás russo, exigindo que os compradores façam o pagamento em rublos. Os países europeus, principal alvo da medida, se recusam a fazê-lo, sob a justificativa de que isso representa uma quebra contratual no fornecimento.

Enquanto isso, o NY Times mostrou como os navios-tanque de combustível russos estão sendo impactados pelas sanções internacionais à Rússia. Em muitos casos, as embarcações foram informadas sobre a suspensão da compra no meio do caminho para os mercados consumidores. Mais de 20 navios-tanque com carga acumulada de quase 8,5 milhões de barris estão “à deriva” nos sistemas de monitoramento – ou seja, sem destino definido.

Em tempo: As forças russas abandonaram a região da antiga usina nuclear de Chernobyl, no norte do país. Um dos alvos iniciais de Moscou na guerra, a usina tornou-se um problema diplomático por conta das restrições impostas pelos militares russos aos funcionários ucranianos responsáveis pelo monitoramento da radioatividade nos destroços da usina. Sem os russos, forças ucranianas e uma equipe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foram à Chernobyl para analisar a situação e verificar se os combates deixaram algum impacto na usina. Bloomberg, Guardian e Washington Post deram mais informações.

 

ClimaInfo, 4 de abril de 2022.

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