Mundo se aproxima do limite para conseguir conter crise climática, alerta IPCC

4 de abril de 2022
IPCC 2022 AR6

A humanidade está contra a parede: ou ela reage para reduzir substancialmente suas emissões desde agora ou estará condenada a viver sob risco de desastres climáticos mais frequentes e devastadores. O alerta é do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC), que apresentou ontem (4/4) seu relatório sobre mitigação da mudança do clima, parte do 6º relatório de avaliação (AR6).

De acordo com o documento, as emissões de gases de efeito estufa precisam chegar a seu limite histórico até no máximo 2025 e, a partir disso, cair de maneira significativa nos anos seguintes para permitir um limite de 1,5°C ao aquecimento da Terra neste século, em linha com os objetivos do Acordo de Paris. Até 2030, os países precisam reduzir suas emissões quase pela metade (43%) em relação aos níveis de 2019 para viabilizar essa meta no longo prazo. Qualquer atraso nos esforços de redução das emissões nos próximos oito anos pode fechar a janela para evitar alterações climáticas potencialmente mais desastrosas. O Observatório do Clima compilou 21 das principais mensagens do novo relatório do IPCC.

No Estadão, Emílio Sant’Anna destacou o prazo curto para a humanidade iniciar uma redução significativa e sustentada de suas emissões. Já na Folha, Ana Carolina Amaral ressaltou o tamanho do desafio: as emissões de GEE subiram mais entre 2010 e 2019 do que em quaisquer das décadas anteriores, ainda que o ritmo de crescimento tenha sido menor. Se o cenário atual se mantiver nos próximos anos, observou Rafael Garcia n’O Globo, as chances para o mundo evitar o pior da mudança climática diminuem a quase zero, com o aquecimento médio do planeta podendo chegar a 3,2°C até 2100, bem acima dos 2°C máximos definidos pelo Acordo de Paris.

O relatório também abordou a corrida global pela descarbonização. Como destacado por Daniela Chiaretti no Valor, para que a meta de 1,5°C de aquecimento neste século seja viável, os países precisam atingir a neutralidade líquida de suas emissões de GEE (emissões compensadas por absorção natural ou artificial de carbono e outros GEE) ao redor do ano de 2050; já para limitar o aquecimento em 2oC, o net-zero precisa ser realidade até 2070. Qualquer coisa depois dessas datas trará desafios adicionais e incertezas significativas às chances de a humanidade reverter esse quadro.

Outro ponto abordado pelo relatório do IPCC é a desigualdade da pegada de carbono: de acordo com a análise, 10% das residências do mundo correspondem a até 45% do carbono liberado na atmosfera terrestre. Como apontou Carolina Dantas no g1, esse dado abre espaço para ações direcionadas de mitigação nas áreas urbanas, como medidas de eficiência energética e de mobilidade verde. “Isso pode ocorrer por meio da transição sistêmica de infraestrutura e da urbanização que leve a um desenvolvimento de baixas emissões, em direção a emissões líquidas zero”, observou Mercedes Bustamante (UnB), uma das autoras envolvidas na elaboração do relatório.

 

ClimaInfo, 5 de abril de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar