Ainda sem presidente, Petrobras patina em esforços para descarbonização

Petrobras sem presidente
AFP

A novela em torno do novo presidente da Petrobras continua agitando Brasília. Dessa vez, ao que tudo indica, o governo não terá problemas para aprovar a indicação de José Mauro Coelho para o comando da estatal. Ex-secretário de petróleo, gás natural e biocombustíveis do ministério de minas e energia, Coelho deverá suceder o general Joaquim Silva e Luna, dispensado pelo presidente Jair Bolsonaro depois de um reajuste de preços dos combustíveis em março passado. O primeiro indicado, Adriano Pires, acabou desistindo depois de ser contestado pelo Ministério Público por conta de eventuais conflitos de interesse decorrentes de sua atuação com outras empresas do setor de óleo e gás no Brasil.

A primeira etapa para a aprovação de Coelho na presidência da Petrobras foi superada nesta 3ª feira (12/4), com a aprovação de seu nome pelo comitê de elegibilidade da estatal. Com isso, resta apenas o OK da assembleia geral de acionistas, onde o governo federal tem maioria confortável para finalmente aprovar a indicação. CNN Brasil, g1, O Globo e Valor, entre outros, repercutiram essa notícia.

Enquanto bate cabeça para definir o comando atual da companhia, o governo parece pouco interessado em pensar no futuro dela. João Fellet abordou na BBC Brasil a estratégia da Petrobras para as próximas décadas no contexto da crise climática – ou, a bem da verdade, a falta dela. Na contramão de outras gigantes do setor, como Shell e BP, a Petrobras tem diminuído seus investimentos anuais na produção de energia por fonte renovável e canalizado esforços para ampliar a produção de combustíveis fósseis. A ideia da empresa é aumentar essa capacidade produtiva em 45% até 2026.

O argumento da Petrobras é que a transição energética para o carbono zero “não eliminará” a demanda por petróleo e, nesse sentido, é do interesse da estatal “transformar recursos brasileiros em riquezas”. O que a Petrobras não explica – e, nesse caso, a responsabilidade é todinha de seu maior acionista, o governo federal – é como essa riqueza compensará os prejuízos humanos e materiais que o Brasil e o mundo terão nas próximas décadas por conta da intensificação da crise climática.

Em tempo: Com o aumento na produção de petróleo e dos preços internacionais dos combustíveis fósseis, os royalties arrecadados pela União, estados e municípios, neste ano, podem chegar a R$ 118,7 bilhões até o final de 2022, de acordo com estimativas da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Se isso se confirmar, teremos um aumento de quase 59% na arrecadação, acima dos R$ 74,4 bilhões observados em 2021 – que, por sua vez, representam o maior montante arrecadado com direitos sobre a exploração de petróleo no Brasil. O Globo, Metrópoles e Valor repercutiram essa informação.

 

ClimaInfo, 13 de abril de 2022.

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