Lira desiste de grupo de trabalho para discutir mineração em Terras Indígenas

13 de abril de 2022
Lira mineração Terras Indígenas

Um mês depois de ser colocado sob regime de urgência na Câmara dos Deputados, o projeto de lei (PL) 191/2020, que libera a mineração em Terras Indígenas, está travado no Congresso Nacional. Sem votos para garantir a aprovação do texto, o presidente da Câmara, Arthur Lira, sinalizou que não pretende avançar com o grupo de trabalho para analisar o projeto. De acordo com a Folha, a ideia de Lira agora é incluir a proposta dentro de uma revisão mais ampla do Código da Mineração, que vem sendo discutida sob um grupo de trabalho já estabelecido.

O governo Bolsonaro tentou aproveitar os reflexos da crise geopolítica na Ucrânia para forçar a aprovação do PL pelo Congresso Nacional, sob a justificativa de que ele facilitaria a exploração de potássio, mineral utilizado na fabricação de fertilizantes e que, hoje, tem a maior parte de sua demanda nacional atendida por importações vindas da Rússia. A reação da sociedade civil e de lideranças indígenas, junto com as reticências da própria indústria da mineração sobre o projeto, acabou dificultando a tramitação do texto no cronograma originalmente pensado por Lira. O UOL também repercutiu o recuo do presidente da Câmara sobre o PL da Mineração em Terras Indígenas.

Por falar em Congresso, o Valor destacou os obstáculos para a bancada ruralista aprovar o PL 6.299/2002, que altera a legislação sobre registro e venda de agrotóxicos. O projeto foi aprovado na Câmara em fevereiro passado, mas as perspectivas para uma eventual votação no Senado ainda em 2022 são pequenas. Noves fora a pressão de ambientalistas e cientistas, o calendário eleitoral também dificulta uma definição pelos senadores nesta legislatura. Se nada de anormal acontecer, o mais provável é que esse PL acabe ficando para a próxima legislatura parlamentar, que tomará posse em fevereiro de 2023.

Em tempo: No Estadão, André Borges trouxe dados de uma pesquisa qualitativa que ouviu 350 representantes dos mais variados segmentos econômicos e políticos do Brasil sobre a percepção deles acerca da questão indígena. O resultado é preocupante: no geral, existe um desinteresse quanto aos direitos indígenas, sendo que, no caso da demarcação de terras, o que se manifesta é uma rejeição a essas demandas. A pesquisa também analisou 9,7 milhões de posts nas principais redes sociais com foco nas manifestações de pessoas “não engajadas” com a temática indígena; nesse cenário, a percepção é parecida com a das elites, com uma leitura das demandas indígenas pela ótica do conflito de interesses – ou seja, “se o outro ganha, sou eu quem perco”.

 

ClimaInfo, 13 de abril de 2022.

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