Extrema-direita no poder dificulta metas climáticas, revela estudo

17 de abril de 2022
extrema-direita metas climáticas
Michael Sohn/AP

A emergência de grupos e lideranças políticas de extrema-direita no poder tem um impacto negativo direto nos esforços dos países para conter a mudança do clima. A conclusão é de um estudo recém-publicado por pesquisadores britânicos, que analisaram a situação de 25 países da OCDE ao longo de mais de uma década por meio de um índice de política climática.

De acordo com a análise, a presença de partidos populistas de direita no parlamento e no governo resultou em uma redução média de 25% nesse índice, refletindo um enfraquecimento de compromissos e políticas associadas a clima nesses países. O impacto é maior em sistemas eleitorais majoritários (queda de 58% em relação à média geral), nos quais a distribuição de assentos no legislativo privilegia a votação total dos partidos, do que em modelos políticos com representação proporcional.

“Essas descobertas são consistentes com a nossa hipótese de que em países com representação proporcional, onde os partidos populistas de direita entram no governo, eles o farão como parceiros de coalizão tipicamente juniores, com número limitado de assentos no gabinete”, escreveram Matthew e Ben Lockwood, da Universidade de Sussex, autores da pesquisa. “Em compensação, nos países com sistemas eleitorais majoritários, quando partidos populistas de direita chegam ao governo, nossa descoberta é que eles têm uma influência muito maior na política climática”.

Por outro lado, a presença de partidos de centro-esquerda no parlamento e no governo resultou em um aumento de 22% da pontuação dos países analisados no índice de política climática em relação à pontuação média. Ao mesmo tempo, o estudo concluiu que a participação de populistas de direita não trouxe impactos significativos nas políticas de energia renovável.

Independent e Guardian destacaram os principais pontos do estudo.

Em tempo: Por falar em extrema-direita, a presença da candidata Marine Le Pen no 2º turno das eleições presidenciais francesas está sendo utilizada por Emmanuel Macron para convencer o eleitorado de esquerda a votar no atual presidente. Em comício na cidade de Marselha, Macron prometeu avançar com os objetivos e políticas de clima no governo francês caso seja reeleito e alertou os eleitores franceses sobre o risco de o país ficar para trás nessa agenda caso Le Pen chegue ao governo. Já em Paris, milhares de eleitores de esquerda foram às ruas para protestar contra Le Pen e a política climática tímida de Macron. Alguns defenderam o voto no atual presidente para evitar uma vitória da candidata de extrema-direita, mas uma parcela substancial desses eleitores deve ficar de fora do 2º turno, que acontece no próximo domingo (24/4). Associated Press e Reuters deram mais detalhes.

 

ClimaInfo, 18 de abril de 2022.

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