Muda tudo para ficar tudo igual: a ciranda maluca de Bolsonaro na Petrobras

17 de abril de 2022
Petrobras Jose Mauro Pereira Coelho
Reprodução

Depois de quase um mês de trapalhadas e reviravoltas, o governo federal finalmente conseguiu aprovar um novo nome para o comando da Petrobras, o terceiro sob a gestão de Jair Bolsonaro. O conselho de administração da empresa confirmou na última 5ª feira (14/4) o nome de José Mauro Ferreira Coelho como novo presidente, em substituição ao general Joaquim Silva e Luna. Coelho foi diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) por quatro anos e, mais recentemente, serviu como secretário de petróleo, gás natural e biocombustíveis do ministério de minas e energia entre 2020 e 2021.

A nova troca foi motivada pela frustração do presidente da República com a política de preços da Petrobras, que mantém a paridade doméstica com os preços internacionais, o que tem resultado em reajustes seguidos nos valores da gasolina e do diesel para os consumidores brasileiros. No entanto, a depender do tom do novo chefe da Petrobras, Bolsonaro ficará a ver navios – mais uma vez. “Entendemos que a prática de preços de mercado é condição necessária para a criação de um ambiente de negócios competitivo, para a atração de investimentos, atração de novos agentes econômicos no setor, expansão da infraestrutura do país e a garantia do abastecimento”, observou Coelho em seu primeiro discurso como presidente da Petrobras. CNN Brasil e O Globo repercutiram a fala.

Com isso, nem mesmo auxiliares de Bolsonaro esperam mudanças significativas na política de preços da Petrobras. Como o Estadão destacou, além do calendário eleitoral mais adiante, dificilmente o governo terá tempo e atenção para avançar com alterações na Lei das Estatais necessárias para ampliar o poder da União na estatal petroleira. Ou seja, o presidente deverá se contentar apenas com o discurso político de que “trocou o comando” da Petrobras e empurrar com a barriga qualquer questionamento sobre novas altas dos combustíveis até depois das eleições.

Mas o governo não saiu totalmente ileso desta crise. O Planalto perdeu uma de suas sete cadeiras no conselho de administração da Petrobras para os acionistas minoritários, que agora passam a ocupar quatro vagas no colegiado. A notícia foi bem recebida por analistas e investidores, que enxergam no movimento uma reação do mercado para preservar a Petrobras da interferência política do governo. O Globo e Valor destacaram a mudança.

Em tempo: Carlos Rocha, presidente do Instituto Net Zero Brasil, defendeu na Folha que a Petrobras passe a investir em renováveis a exemplo de várias de suas concorrentes internacionais.

 

ClimaInfo, 18 de abril de 2022.

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