Novo governo quer “keynesianismo verde” no Chile

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Arquivo pessoal

Recém-empossado presidente do Chile, o jovem Gabriel Boric buscou na economista Stephany Griffith-Jones uma referência para colocar o país sob um novo modelo de desenvolvimento econômico, pautado pela proteção do meio ambiente e pela transição para a energia renovável. Indicada para o conselho do Banco Central chileno, a economista conversou com Luiz Antonio Cintra na Folha e explicou sua visão sobre um “keynesianismo verde” para viabilizar esse novo modelo de desenvolvimento.

Griffith-Jones não é qualquer nome: sobrinha-neta do escritor Franz Kafka, ela deixou o Chile nos anos 1970 por conta do golpe de estado que derrubou o governo democrático de Salvador Allende e implantou a ditadura militar encabeçada por Augusto Pinochet. Fora do Chile, a economista ganhou prestígio, trabalhando com nomes como o do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz. De volta a Santiago, Griffith-Jones não terá uma tarefa fácil pela frente: embora o novo governo queira avançar com um novo modelo de desenvolvimento, ele precisará lidar com os efeitos imediatos da crise internacional, puxada pela alta da inflação e dos preços da energia.

“O mais importante agora é centrarmos atenção na transição verde, um grande desafio à humanidade. É importante para salvar o planeta, mas também para gerar novas oportunidades de trabalho e aumento da produtividade”, defendeu Griffith-Jones. “Com a transição, será possível gerar muitas inovações, muitos investimentos e muitos empregos”.

Por falar em Chile, Lorena Guzmán escreveu no Diálogo Chino sobre os desafios que o país enfrentará para tirar do papel um de seus objetivos climáticos mais ambiciosos – eliminar carros e ônibus a combustão até 2035, o único país da América Latina a assumir um compromisso deste tipo até agora. O Chile possui experiências interessantes, como a eletrificação da frota de ônibus de Santiago, que oferecem ideias e caminhos para que o resto do país possa avançar nessa agenda. Ainda assim, os chilenos sofrem com os mesmos desafios estruturais observados em países vizinhos como Brasil e Argentina: os incentivos governamentais para a montagem local de veículos elétricos são limitados, com reflexos no alto preço desses modelos, e a infraestrutura de recarga é bastante restrita.

 

ClimaInfo, 19 de abril de 2022.

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