Construção das térmicas emergenciais contratadas pelo governo está atrasada 

Termelétricas
Eduardo Knapp / Folhapress

Para o setor elétrico parece que a pior crise hídrica em quase um século só é vista pelo retrovisor, mas a conta sobrou para os consumidores pelos próximos meses e anos, decorrência das decisões tomadas pelo governo para manter a oferta de eletricidade durante a baixa das hidrelétricas. O pior é que já estamos pagando por algo que sequer começou a sair do papel.

Uma das decisões do governo durante a crise hídrica foi a contratação emergencial de usinas termelétricas por meio de leilão simplificado, que deu sinal verde para a construção de 14 novas usinas a gás natural espalhadas pelo país. A ideia do governo era garantir a oferta de energia no médio prazo durante a temporada seca para evitar o aperto experimentado no ano passado. No entanto, de acordo com a Folha, todas as usinas estão com obras atrasadas e não terão condições de começar a operar a partir de 1º de maio, tal como definido pelo governo. Pior: quatro delas sequer iniciaram as obras por não terem local definido para instalação.

A informação foi destacada pela ABRACE, que representa os grandes consumidores de energia, em carta enviada à ANEEL na 3ª feira passada (26/4). A entidade reconhece que os contratos firmados pelo governo durante a crise hídrica precisam ser cumpridos, mas pede que as autoridades punam eventuais descumprimentos por parte dos responsáveis pelas usinas. Uma portaria do ministério de minas e energia prevê um período de 90 dias a partir da data inicial para que as usinas entrem em operação sem a imposição de multas. No entanto, de acordo com a ABRACE, metade das usinas contratadas pode não ter condições de entrar em operação dentro desse prazo extra.

Enquanto isso, o Poder360 destacou a decisão da ANEEL de reajustar a tarifa elétrica em até 4,6% neste ano para facilitar o financiamento de subsídios para o setor elétrico. De acordo com o orçamento aprovado pela agência nesta semana, os subsídios estão estimados em R$ 32,1 bilhões, sendo que R$ 30,2 bi desse valor serão obtidos através de reajuste na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um encargo de custeio pago por todos os consumidores de energia elétrica do país. A maior alta deve acontecer nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o reajuste será de 4,65%. Nos Norte e Nordeste, a alta deve ser de 2,41%.

 

ClimaInfo, 28 de abril de 2022.

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