Estudo: crise climática pode intensificar risco de novas pandemias zoonóticas

crise climática zoonoses
Eloisa Lopez / Reuters

A intensificação da mudança do clima pode servir como uma injeção de adrenalina na ocorrência de doenças zoonóticas neste século, com o risco maior de novas pandemias. A conclusão é de um novo estudo, publicado nesta semana na revista Nature por pesquisadores da Universidade de Georgetown (EUA). De acordo com a pesquisa, o mundo poderá registrar pelo menos 15 mil casos de vírus “saltando” entre espécies – ou seja, passando de animais para seres humanos – nos próximos 50 anos. O número é puxado principalmente por dois fatores: a perda dos habitats naturais, causada pelo avanço do desmatamento e da urbanização de áreas hoje naturais, e o aquecimento global, que permitirá a essas doenças circular por regiões cada vez mais vastas.

“À medida que o mundo muda, a face da doença também mudará”, observou Gregory Albery, co-autor do estudo, ao Guardian. “Isso está acontecendo, não é evitável mesmo nos melhores cenários de mudança do clima, o que exige de nós medidas para construir infraestruturas de saúde para proteger as populações animais e humanas”. O estudo prevê mudanças na distribuição geográfica de mais de 3,1 mil espécies de mamíferos em decorrência da mudança do clima e do uso da terra até 2070.

Os morcegos serão responsáveis pela maior parte da propagação de novas doenças, por conta de sua capacidade de viajar grandes distâncias. Isso é relevante, já que a principal suspeita sobre a origem do SARS-CoV-2 é de que ele tenha surgido dos morcegos e “pulado” para seres humanos na região de Wuhan, na China. O estudo também teve destaque em veículos como Associated Press, Financial Times e NY Times.

 

ClimaInfo, 29 de abril de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.