Se a questão climática está ganhando força e espaço nas demandas de consumidores e clientes, isso ainda não está se refletindo na mesma proporção entre os diretores e executivos das principais empresas no Brasil.
Naiara Bretão e Ítalo Bertão Filho destacaram no Valor os resultados de uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que mostraram uma lacuna curiosa. Por um lado, 55% das empresas consultadas afirmaram que possuem inventários de emissões de gases de efeito estufa. Por outro, especialmente nas áreas e setores onde essa questão ainda não possui exigência legal, o desempenho dessas empresas é mais frágil, com uma parcela bem menor de organizações que se coloca como “proativa” nessa questão.
O IBGC ouviu administradores e conselheiros fiscais de empresas em diversos setores, com faturamento anual entre R$ 20 milhões e R$ 1 bilhão e diferentes tipos de capital societário (sociedades anônima e limitada), bem como cooperativas e organizações do Terceiro Setor. A pesquisa consultou as empresas sobre o nível de preparo a partir de 17 práticas de medição e diminuição da pegada de carbono, acompanhamento de riscos climáticos, compliance e novas oportunidades de negócios, entre outros tópicos.
O levantamento evidenciou como a maior parte das empresas brasileiras ainda tropeça quando o assunto é integrar considerações sobre clima em suas estratégias corporativas e de negócios. Ironicamente, isso é mais observado nas empresas de grande porte, com faturamento anual acima de R$ 1 bilhão: majoritariamente, elas afirmaram que se enxergam como “em conformidade” (ou seja, cumprem as regras legais relacionadas ao carbono) e querem ser “proativas” no futuro, mas poucas sinalizaram uma ambição de se posicionar como líder nessa discussão em seus respectivos setores econômicos.
Em tempo: O Pacto Global da ONU, uma iniciativa que visa engajar a iniciativa privada no cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e no combate à mudança do clima e à pobreza, realizou nesta 2a feira (2/5) um evento em São Paulo com mais de 200 empresários e executivos brasileiros. Na agenda, uma nova articulação, a Ambição 2030, que pretende mobilizar e apoiar ações empresariais sustentáveis em sete temas prioritários – mitigação da mudança do clima, acesso à água potável e saneamento, além de diversidade de gênero, promoção da igualdade racial, cuidado da saúde mental e transparência nas informações. Mais detalhes no Valor Econômico.
ClimaInfo, 5 de maio de 2022.
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