Ucrânia interrompe transporte em gasoduto russo para a Europa

tubulações de gás Ucrânia
gráfico Henrik Pettersson e Natalie Crocker / CNN

A Ucrânia realizou nesta 4ª feira (11/5) uma redução do fluxo de gás natural russo que abastece o mercado europeu e passa pelo seu território. Segundo a empresa responsável pela gestão dos gasodutos que cortam o país, a ação seria decorrente da interferência das forças militares russas que ocupam parte do leste ucraniano. Porém, especialistas enxergaram um esforço das autoridades em Kiev para pressionar seus aliados da União Europeia a reduzirem o consumo de gás russo, uma das principais fontes de caixa para a máquina de guerra de Vladimir Putin. Associated Press, CNBC, CNN, Financial Times, Reuters e Wall Street Journal, entre outros, repercutiram a notícia.

Cerca de ⅓ do gás russo que abastece o mercado europeu passa pela Ucrânia. Por conta disso, os preços do combustível na UE experimentaram uma alta significativa na manhã de ontem. Parte dessa alta foi compensada ao final do dia, com o restabelecimento parcial do abastecimento pelo gasoduto ucraniano. Ainda assim, o fornecimento de gás russo aos europeus caiu cerca de 25% ontem.

Esse vai-e-vem é mais um sinal de que está cada vez mais difícil separar a guerra da questão energética na Europa, observou America Hernandez no site POLITICO. Com o conflito se arrastando e uma grande incerteza quanto aos efeitos dele no médio e longo prazo, o governo ucraniano deve intensificar a pressão sobre a UE para barrar a importação de combustíveis russos como uma maneira para restringir a capacidade militar de Moscou.

No entanto, como apontou a Bloomberg, os países europeus não parecem predispostos a aceitar o pedido de Kiev. O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, confirmou que algumas empresas de energia da Europa teriam encontrado uma lacuna nas regras de sanção econômica da UE para pagar pelo combustível russo em rublos, tal como exigido pelo governo Putin. Muitas delas já teriam inclusive aberto conta no banco da Gazprom, principal exportadora russa de combustíveis fósseis, para facilitar o pagamento e garantir a remessa dos produtos.

Enquanto isso, a Comissão Europeia está terminando uma nova proposta para impulsionar a geração de energia renovável nos países da UE. De acordo com a Bloomberg, o bloco pretende aplicar 195 bilhões de euros (cerca de R$ 1,04 trilhão) nos próximos cinco anos para aumentar a representatividade dessas fontes na matriz energética europeia de 40% para 45%. A proposta também deve prever uma nova meta para eficiência energética – uma redução de 13% no consumo de energia em relação a 2020. O Financial Times também abordou essa informação.

 

ClimaInfo, 12 de maio de 2022.

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