Chuvas mortais na África do Sul foram potencializadas por mudança climática

África do Sul chuvas mortais
Rajesh Jantilal/AFP/Getty Images

As inundações como as que ocorreram no mês passado na África do Sul e que causaram a morte de mais de 400 pessoas se tornaram duas vezes mais prováveis e mais intensas nos últimos anos em virtude da mudança do clima. A conclusão é do grupo de cientistas climáticos da World Weather Attribution (WWA), que analisou de que maneira o aumento da temperatura média global, decorrente do acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera humana, interferiu na potência e na ocorrência de fortes chuvas na costa leste sul-africana.

Usando métodos reconhecidos e amplamente revisados por outros cientistas, o grupo concluiu que um evento dessa magnitude ocorreria provavelmente a cada 40 anos em um mundo sob 1,2°C de aquecimento. No entanto, considerando a trajetória recente de aquecimento, que se aproxima dos 1,3°C em relação às temperaturas pré-industriais, a probabilidade de ele ocorrer aumentou para uma vez a cada 20 anos.

“Concluímos que a probabilidade de um evento como a chuva que resultou nesse desastre quase dobrou devido às mudanças climáticas induzidas pelo homem”, afirmou o WWA. “Já a intensidade do evento aumentou em 4%-8%”. Além disso, a análise estima que essa frequência pode aumentar ainda mais caso o aquecimento global continue subindo nas próximas décadas. Bloomberg e Guardian destacaram esses dados.

Em tempo: Ainda sobre a África do Sul, a Reuters noticiou que o governo do país segue analisando a proposta feita por Estados Unidos, União Europeia e outros países do G7 durante a Conferência do Clima de Glasgow (COP26), na qual se comprometeram a apoiar a transição energética sul-africana com financiamento de US$ 8,5 bilhões na próxima década. O acordo foi celebrado à época como um exemplo da cooperação entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento para impulsionar fontes energéticas renováveis e facilitar o abandono do carvão. A questão ganhou mais urgência depois das chuvas devastadoras do mês passado. “Temos que garantir que, ao introduzir a tecnologia verde na economia, não estamos apenas mudando a tecnologia, mas também lidando com algumas das restrições permanentes de desigualdade, desemprego e pobreza que confrontam nossa economia”, justificou a ministra sul-africana do meio ambiente, Barbara Creecy, durante audiência no Parlamento do país na semana passada.

 

ClimaInfo, 17 de maio de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.