Crise energética: China negocia compra de petróleo russo para reserva estratégica

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Bing Guan / Reuters

Alheia às pressões ocidentais para impor sanções à Rússia, a China está se mexendo para aproveitar as condições mais favoráveis oferecidas por Moscou por seu petróleo para reabastecer os estoques estratégicos do país. De acordo com a Bloomberg, representantes chineses estão negociando com os russos para garantir o fornecimento de petróleo de reserva a preços mais baixos que o do mercado internacional e pagamento feito em Yuan, sem precisar trocar a moeda chinesa por dólares ou euros para pagar pelo combustível. 

O mercado chinês tem sido um dos principais alvos da Rússia para desovar o combustível que antes era comprado pelos países europeus, o que se tornou mais difícil depois de a União Europeia, junto com os Estados Unidos e outros países do G7, sancionar o governo de Vladimir Putin por conta da invasão russa à Ucrânia. Além da China, os russos têm se voltado a outro mercado asiático de grande porte, a Índia, também oferecendo petróleo com desconto e condições facilitadas de pagamento.

A Gazprom, principal exportadora russa de combustíveis fósseis, confirmou que metade de seus clientes estrangeiros aceitou a nova exigência de Moscou para pagar pelo produto em moeda russa, driblando assim as sanções internacionais contra a Rússia. Como destacado pela Bloomberg, esse ponto tem sido usado por Moscou para interromper unilateralmente o fornecimento de petróleo e gás para países como Polônia e Bulgária, que se recusaram a pagar pela energia em rublos. A União Europeia insiste que atender às demandas do governo russo no pagamento dos contratos de energia representa uma violação das sanções do bloco à Rússia, o que é passível de responsabilização judicial.

Com o petróleo russo ostracizado no mercado internacional, os Estados Unidos aumentaram a demanda pelo produto dos países produtores na América Latina. Dados citados pela Reuters indicam que as compras de petróleo produzido abaixo da fronteira sul norte-americana aumentaram quase 50% desde o começo de março em relação à média observada no ano passado, com a média de 200 mil barris diários comercializados. O maior fornecedor latino-americano de petróleo para o mercado norte-americano segue sendo o México, que aumentou sua representatividade de 19% para 27% no total de combustível importado pelos EUA.

Outro fornecedor latino-americano no qual os EUA estão de olho é a Venezuela. Hoje, o país é alvo de sanções econômicas impostas contra o governo de Nicolás Maduro, mas representantes da Casa Branca se encontraram diversas vezes nos últimos meses para reduzir as tensões. Nesta semana, o governo Biden autorizou a petroleira ExxonMobil a negociar diretamente com a PDVSA, interrompendo assim o bloqueio total que se observava até agora. A Bloomberg deu mais detalhes sobre essa movimentação.

 

ClimaInfo, 20 de maio de 2022.

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