O governo da China está sendo cobrado para definir se e quando vai realizar a 2a parte da Conferência da ONU sobre Biodiversidade (COP15), que estava prevista para acontecer no final de abril, mas foi suspensa pelas autoridades de Pequim por conta da explosão de casos de COVID no país. O principal temor é de que um novo adiamento – ou pior, um cancelamento do evento – possa comprometer os esforços globais para proteger a diversidade biológica e inviabilizar um novo acordo internacional com metas mais ambiciosas de proteção ambiental.
“É inacreditável que a China não seja capaz de fornecer nenhuma resposta [sobre a data da COP15]”, afirmou Oscar Soria, da Avaaz, ao Guardian. “[Isso] passa uma mensagem errada – de que [diversidade biológica] não é um tema importante e pode ser adiado, mesmo que estejamos em uma emergência ecológica. Os resultados desta COP terão impacto nos próximos 10 anos”.
Mesmo com a atenuação da pandemia em boa parte do mundo, viabilizada pelo avanço da vacinação contra COVID-19, o cenário na China é bastante adverso. A aplicação de vacinas está patinando e a chegada de novas variantes do SARS-CoV-2 pressiona a estratégia de contenção absoluta da pandemia pelas autoridades chinesas. O lockdown tem sido a principal ferramenta de Pequim para evitar a disseminação da pandemia, mas tem causado sérios problemas para a população. Por conta disso, a ONU está estudando a possibilidade de levar a COP15 de Biodiversidade para outro país, o que deve ser definido apenas no final de junho, quando os negociadores se reunirão para a última rodada de conversas pré-COP em Nairóbi (Quênia). A Reuters também repercutiu a notícia.
Por falar em COP, a Convenção da ONU sobre Desertificação encerrou na última 6a feira (20/5) sua 15ª Conferência das Partes (COP15) em Abidjan, na Costa do Marfim. Como o jornal Le Monde destacou, o encontro foi marcado por declarações contundentes sobre a gravidade da degradação do solo e do avanço da desertificação pelo mundo, mas poucos resultados políticos de maior impacto.
Os negociadores concordaram em “acelerar a restauração de um bilhão de hectares de terras degradadas até 2030”, fortalecer a “resiliência à seca”, identificando a expansão de zonas áridas, e a melhoria do “envolvimento das mulheres na gestão da terra”. O texto final também citou, pela 1ª vez, a questão fundiária como um ponto importante no combate à desertificação, especialmente no contexto africano. No entanto, mesmo entre os negociadores, o resultado final foi frustrante, já que não se avançou em pontos-chave como o financiamento internacional a projetos de recuperação de solo e adaptação. Libération e RFI também destacaram os principais pontos acordados em Abidjan.
ClimaInfo, 23 de maio de 2022.
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