Metas climáticas do Big Oil são “grosseiramente insuficientes” para objetivos do Acordo de Paris

25 de maio de 2022

As promessas de net-zero feitas por empresas do setor de óleo e gás seguem muito, mas muito aquém do necessário para conter o aumento da temperatura média terrestre em 1,5ºC até o final deste século. O diagnóstico da Oil Change International foi gerado a partir da análise dos compromissos climáticos de petroleiras – como BP, Chevron, Eni, Equinor, ExxonMobil, Repsol, Shell e TotalEnergies – que figuram entre as principais da indústria fóssil. 

A principal bronca vem da dissociação entre esses objetivos de ação climática e os investimentos previstos para os próximos anos na expansão da produção de combustíveis fósseis. De acordo com o relatório, essas empresas estão envolvidas em mais de 200 projetos de expansão de exploração de petróleo e gás natural em vias de aprovação entre 2022 e 2025. Se forem adiante, os investimentos poderão liberar mais de 8 bilhões de toneladas de CO2 atmosfera, o equivalente às emissões agregadas ao longo da vida operacional de 77 novas usinas termelétricas a carvão.

“As promessas e os planos climáticos das grandes empresas de petróleo e gás parecem ser projetados para desinformar e distrair, não para confrontar seriamente a crise climática”, criticou David Tong, principal autor da análise e gerente de campanha da Oil Change International. “Esta publicação mostra que nenhuma das oito grandes petroleiras chega nem perto de alinhar seus negócios com o que é necessário para a meta de 1,5ºC”. A CNN repercutiu os principais pontos do relatório.

Ainda sobre a ficha corrida climática do Big Oil, outro estudo lançado nesta semana mostrou como as grandes empresas do setor estão aproveitando os efeitos da guerra na Ucrânia sobre o mercado internacional para empurrar com a barriga compromissos e ações climáticas. A análise da InfluenceMap assinalou como algumas dessas empresas, especialmente nos EUA, utilizaram a escalada dos preços dos combustíveis para desinformar a opinião pública e capturar a narrativa sobre a causa da crise energética global para justificar a continuidade do consumo de combustíveis fósseis no futuro para garantir a “independência energética” dos países.

Um dos destaques do levantamento é o American Petroleum Institute (API), veterano de outras campanhas de desinformação climática: a entidade utilizou as redes sociais para colocar os combustíveis fósseis sob uma ótica nacionalista, de defesa da soberania nacional através do consumo de petróleo e gás explorados nos EUA. A AFP deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 26 de maio de 2022.

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