Governo tropeça em si mesmo e aprovação de novo presidente da Petrobras deve demorar

Petrobras
Divulgação

A ofensiva do governo federal sobre a Petrobras colocou a empresa em uma situação vexaminosa, e a troca mais recente no comando da companhia sairá muito mais cara (em tempo e em dinheiro) do que o esperado pelo Planalto. O Globo lembrou que a Presidência editou um decreto em abril passado que mudou o processo de análise e aprovação de nomes para a direção da Petrobras. Pelo texto, as indicações para conselheiros só podem ser enviadas para aprovação pela assembleia de acionistas depois de concluído o trabalho do comitê interno que analisa a regularidade de cada nome com relação aos requisitos legais e de gestão da empresa. Curiosamente, a medida foi adotada depois da novela de mau-gosto em torno do nome de Adriano Pires, indicado pelo Planalto para suceder o general Joaquim Silva e Luna no final de março. Na época, a imprensa levantou uma série de dúvidas acerca do trabalho dele no assessoramento de empresas do setor de óleo e gás, o que poderia causar conflito de interesses se ele assumisse o comando da Petrobras. 

Na prática, isso torna a troca de comando um processo mais lento e prolongado, que levará mais de 45 dias e que, no caso de Caio Paes de Andrade, pode acontecer do meio para o final de agosto. Enquanto isso, José Mauro Coelho, o presidente demitido pelo governo, seguirá no comando da Petrobras. Todo esse processo, como Mônica Bergamo informou na Folha, consumirá pelo menos R$ 1 milhão. O dinheiro será gasto na realização de (mais uma) assembleia geral extraordinária de acionistas, que elegerá sete novos conselheiros da empresa para confirmar o nome de Andrade como presidente. 

Em tempo: Ainda sobre a Petrobras, o Valor trouxe a opinião de especialistas sobre a possibilidade de o novo comando da empresa modificar a política de preços da gasolina e do diesel, tal como deseja o atual presidente da República. Uma das saídas ensaiadas pelo governo para mexer nisso é uma alteração no estatuto da Petrobras, o que permitiria tornar mais elástico o prazo entre um reajuste e outro. Porém, dependendo de como isso for definido, se algum acionista entender que a mudança prejudica os interesses da companhia, ele poderá recorrer à Justiça, expondo os executivos da Petrobras ao risco de responsabilização nas esferas administrativa e judicial.

 

ClimaInfo, 27 de maio de 2022.

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