A nova ofensiva dos negacionistas da crise climática nos EUA

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Jabin Botsford/The Washington Post via Getty

A intensificação da crise climática tem colocado o tema cada vez mais fortemente na agenda estratégica de gigantes do mundo corporativo. Questões como descarbonização e transição energética ganharam relevância, com investidores também se mobilizando para cobrar as empresas com relação ao risco climático de seus negócios. Wall Street parece ter se convencido sobre a importância e a necessidade de enfrentar a mudança do clima.

Esse cenário traz desafios consideráveis para a promoção de informações falsas e distorcidas sobre o clima, mas não dificulta essas ações. Em grande parte, os negacionistas ainda contam com um poderoso aliado político para promover seu discurso: o Partido Republicano. David Gelles e Hiroko Tabuchi abordaram no NY Times como políticos republicanos em diversos estados conservadores estão atuando para penalizar empresas e investidores que criam obstáculos para novos investimentos em energia fóssil.

Na Virgínia Ocidental, por exemplo, o responsável pelos fundos de pensão dos funcionários públicos do estado retirou suas aplicações da Blackrock, maior gestora de investimentos do mundo, depois desta sinalizar que a mudança climática é um risco econômico a ser considerado nas decisões de aplicação. Já no Texas, palco do massacre de Uvalde na última 3ª feira (24/5), parlamentares republicanos aprovaram uma lei que proíbe fundos de pensão e de investimento do estado de fazer negócios com empresas que estejam boicotando a produção e o consumo de combustíveis fósseis. Para os republicanos, a preocupação pró-clima nada mais é do que um “ativismo” empresarial em favor da “esquerda”, tal como o ensino sobre escravidão e racismo nas escolas e a discussão sobre controle de armas depois de mais uma tragédia evitável de violência armada.

Ainda sobre os republicanos, Amy Green destacou no Inside Climate News a posição curiosa do governador da Flórida, Ron DeSantis, que acaba de sancionar uma lei que visa lidar com os efeitos do avanço do nível do mar sobre a região costeira. A nova legislação prevê a elaboração de um plano de adaptação das áreas mais vulneráveis e a criação de um departamento estadual de resiliência. A curiosidade da coisa está naquilo que a lei não fala: o que está causando o aumento do nível do mar – a mudança do clima. DeSantis é tido como um dos candidatos possíveis do Partido Republicano para as eleições presidenciais de 2024 e, em linha com a maior parte de seus correligionários, tem verdadeira alergia a qualquer coisa que remeta à crise climática, como a necessidade de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e acelerar a transição para fontes energéticas renováveis.

 

ClimaInfo, 30 de maio de 2022.

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