Amazônidas: perto dos rios, longe da água potável

Amazônia saneamento
Ana Lucia Azevedo

Uma das áreas mais abastadas em recursos hídricos do planeta, a Amazônia sofre com um problema comum ao restante do Brasil: a falta de saneamento básico, o que compromete inclusive a oferta de água potável para as populações da floresta. O Globo destacou o tamanho do problema: mesmo vivendo sobre mais de 80% do estoque de água doce do Brasil e 20% de todo o mundo, menos de 60% dos amazônidas têm acesso à água tratada e somente 13% contam com rede de esgoto.

“Faltam as coisas mais básicas. Estamos falando de sistemas muito simples, como coleta de chuva, poços artesianos, acesso a cloro”, afirmou o professor Marcos Freitas, da COPPE/UFRJ, ex-diretor da Agência Nacional de Águas. Assim, especialmente nas áreas rurais, os amazônidas vivem como viviam seus antepassados há mais de um século, com as pessoas tirando sua água direto dos rios, igarapés, açudes e lagos, sem qualquer tratamento.

Isso se torna ainda mais dramático quando consideramos como a destruição florestal está se refletindo na qualidade das águas amazônicas. A expansão do garimpo está aumentando a contaminação da água por metais pesados, como o mercúrio, além de produtos químicos que causam problemas de saúde às pessoas que consomem essa água. Outro problema é a explosão de doenças: rotavírus, adenovírus, vírus da hepatite, parasitas e bactérias encontram um lar na água não tratada e facilmente contaminam as pessoas.

Em tempo: Para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado ontem (5/6), um grupo de organizações ambientalistas divulgou um vídeo nas redes sociais que mostra como os ataques do governo federal e seus aliados no Congresso Nacional ameaçam a Amazônia. Como se fosse uma guerra, Brasília despeja mísseis em direção à floresta – nesse caso, os diversos projetos de lei que pretendem legalizar a mineração em Terras Indígenas, o que impõe o marco temporal para demarcação de áreas indígenas, entre outros. Além da destruição da floresta, esses projetos abrem espaço para que o Brasil e o mundo sofram com os impactos mais dramáticos da crise climática, como a intensificação de eventos extremos nas cidades brasileiras. Chico Alves repercutiu a ação no UOL.