Crise climática: as tundras da Sibéria podem desaparecer em breve

tundra siberiana
Ziwen Cai

A intensificação da mudança do clima pode dar fim a um dos ecossistemas mais singulares e vulneráveis da Terra – as Tundras da Sibéria. De acordo com um estudo publicado nesta semana na revista eLife, o avanço do aquecimento no norte da Ásia pode fazer com que as florestas que cercam as Tundras avancem em direção a elas, em um tipo de “caminhada ao norte”. Se o planeta aquecer acima dos 2ºC apontados pela ciência como o limite máximo para este século, a tendência é a de que as árvores avancem a um ritmo de quase 30 km ao ano dentro das áreas hoje congeladas. 

O estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto Alfred Wegener, da Alemanha, que utilizaram modelos climáticos para projetar o ritmo de avanço da floresta sobre as Tundras em diferentes cenários de aquecimento, desde 1,5ºC até 5ºC em relação aos níveis pré-industriais até 2100. Nos piores cenários, as projeções apontam para um alto risco de as Tundras desaparecerem completamente já neste século. Mesmo nos cenários melhores, a perspectiva ainda é de perda, ainda que menor: em um contexto no qual a humanidade consiga conter suas emissões e limitar o aquecimento global, a sobrevivência desse ecossistema estaria limitada a 30% da área atualmente ocupada.

“É uma questão de vida ou morte para a tundra siberiana”, ressaltou Eva Klebelsberg, do WWF-Alemanha, sobre o estudo. “Áreas maiores só poderão ser salvas com metas de ação climática muito ambiciosas. E, mesmo assim, na melhor das hipóteses, [as Tundras] ficarão limitadas a duas áreas discretas, com populações menores de fauna e flora que são altamente vulneráveis a perturbações climáticas”.

O Washington Post repercutiu a análise.

 

ClimaInfo, 8 de junho de 2022.

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