Como morrem as Unidades de Conservação no Brasil

Unidades de Conservação
Divulgação / WWF

Reportagem do ((o))eco revelou como estados nas mãos de governadores e parlamentares alinhados com o agronegócio estão conseguindo reduzir ou até acabar com Unidades de Conservação nos respectivos territórios.

Isso acontece porque, diferentemente da União, que enfrenta resistências e um jogo de forças maior entre ambientalistas e ruralistas no Congresso e no Senado, nos estados o processo de aprovação de leis para reduzir, reclassificar ou extinguir Unidades de Conservação só precisa passar pelo crivo da Assembleia Legislativa Estadual, que possui menos parlamentares e menor pressão por parte da sociedade civil organizada local.

Em torno de 90 eventos deste tipo ocorreram em território nacional nos últimos anos, afetando cerca de 11 milhões de hectares – duas vezes o tamanho da Croácia, segundo a plataforma PADDD Brasil, do WWF. Quase 70% desse total ocorreu na Amazônia, onde o caso ganha maiores proporções.

A vulnerabilidade das Unidades de Conservação estaduais por lá foi sinalizada por Enrico Bernard, pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco. “Tem estados como Mato Grosso, Rondônia, Acre, em que o Legislativo estadual é totalmente dominado por setores contrários às Unidades de Conservação”, disse ao ((o))eco. 

Rondônia foi classificada como “um balão de ensaio”, podendo servir de “modelo” para os “colegas” em posições de liderança em outros estados da Amazônia Legal. Vale lembrar que Rondônia, sob a tutela do coronel Marcos Rocha (PSL), apoiador de Bolsonaro, já presenciou até o “sincerão” do secretário estadual de Desenvolvimento Ambiental, Marco Antonio Lago. Em em um vídeo gravado durante uma feira do agronegócio, Lago declarou que “Rondônia é agro!”, ao desmentir que o governo estadual tinha planos de ampliar as Unidades de Conservação na região.

Em tempo: A China desistiu de hospedar a Convenção de Diversidade Biológica (Conferência de Biodiversidade), que já foi adiada diversas vezes, devido à pandemia, e será sediada no Canadá entre os dias 5 e 17 de dezembro. A expectativa é de que a COP15 estabeleça o novo Marco Global da Biodiversidade, como informa Daniela Chiaretti, no Valor.

 

ClimaInfo, 22 de junho de 2022.

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