Guerra, fome e combustíveis monopolizam agenda do G7 na Alemanha

G7 Alemanha
REUTERS/Wolfgang Rattay

O grupo dos líderes das sete economias mais ricas do mundo, o G7, iniciou neste final de semana sua cúpula nos Alpes bávaros, no sul da Alemanha, com dois temas inescapáveis na agenda: a guerra na Ucrânia e a escalada dos preços internacionais dos combustíveis fósseis. O momento e o local do encontro não poderiam ser mais pertinentes: desde a semana passada, a Alemanha e outros países da União Europeia sofrem com uma redução no fornecimento de gás natural da Rússia, retaliação do governo de Vladimir Putin pelas sanções internacionais contra a invasão da Ucrânia por Moscou.

De acordo com a Reuters, uma das propostas em discussão é criar um teto para o preço do petróleo russo, de maneira a restringir eventuais ganhos da indústria fóssil do país com o aumento dos preços internacionais observado nos últimos meses. EUA e Reino Unido já proibiram as importações de energia da Rússia, enquanto os países da União Europeia definiram um cronograma para zerar as compras de petróleo russo até o final deste ano.

O grande desafio para a viabilização da proposta está no envolvimento de outros grandes importadores de combustível russo, como China e Índia. Estes países ganharam relevância para a indústria fóssil russa nos últimos meses, o que resultou em um aumento das vendas de petróleo para chineses e indianos em condições mais favoráveis. Como bem destacou a BBC Brasil, as vendas de energia para a Ásia estão compensando a queda no fornecimento de petróleo para a Europa, aliviando assim o impacto das sanções internacionais a Moscou.

A guerra na Ucrânia não afeta apenas o mercado internacional de energia. O bloqueio da marinha russa aos portos ucranianos está precipitando também uma crise de insegurança alimentar, com reflexos em praticamente todo o mundo, mas um impacto bem maior na África e no Oriente Médio. A RFI destacou as críticas do G7 à conduta russa nessa crise, bem como a resposta de Putin às acusações ocidentais, na qual ele criticou as sanções internacionais a Moscou que prejudicaram a entrega de fertilizantes russos e bielorrussos ao redor do mundo.

Enquanto isso, milhares de manifestantes foram às ruas de Munique, na Alemanha, para pedir aos líderes do G7 que não deixem a questão climática de fora da agenda política da cúpula. A resposta geral dos governos à crise energética tem incomodado ativistas e especialistas em clima, já que esses países estão recorrendo a ferramentas como subsídios para conter a alta dos combustíveis fósseis, contrariando compromissos recentes para reduzir o apoio governamental à energia suja. A informação é da Reuters.

 

ClimaInfo, 27 de junho de 2022.

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