Situação ambiental dos oceanos é preocupante para os brasileiros, aponta pesquisa

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WSL/ Kirstin

Uma análise feita pela Fundação Grupo Boticário, junto com pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e da UNESCO, mostrou como os brasileiros entendem a situação ambiental dos oceanos e os impactos da mudança climática e da poluição sobre os ecossistemas marinhos. Os resultados são mistos: por um lado, metade dos brasileiros acredita que os oceanos impactam diretamente suas vidas, e 72% afirmam que a poluição é uma das causas para a degradação dos ambientes marinhos; por outro, apenas 4% enxergam conexão entre a destruição ambiental nos oceanos e a disponibilidade de oxigênio na Terra.

A pesquisa foi apresentada nesta semana em Lisboa durante a Conferência da ONU sobre Oceanos. Como explicou Daniela Chiaretti no Valor, a ideia foi mapear o engajamento dos brasileiros com a vida marinha, entendendo o grau de conhecimento sobre esse ambiente e a disposição para mudanças de hábitos que possam contribuir para sua proteção. Foram entrevistadas 2 mil pessoas, entre 18 e 64 anos de idade, nas cinco regiões do Brasil. O Globo e Um Só Planeta também repercutiram esses dados.

Ainda sobre a Conferência dos Oceanos, um dos tópicos em discussão é o da pesca ilegal que ameaça a sobrevivência de diversas espécies marinhas ao redor do mundo. A diretora-adjunta da Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), Maria Helena Semedo, ressaltou que os países precisam avançar para um modelo de gestão sustentável dos recursos marinhos e revelou que os países lusófonos estão preparando um acordo para coibir a pesca ilegal em suas zonas marítimas. A notícia é da RTP.

Outro tópico importante nas conversas em Lisboa é o da mineração em alto-mar. A Reuters destacou a preocupação do diretor do WWF Internacional, Marco Lambertini, com a movimentação de alguns países para liberar a exploração mineral nas profundezas do mar. “Não aprendemos nossa lição? Nós simplesmente não sabemos o que vamos desencadear ao descer centenas, milhares de metros até o fundo do oceano”, observou. Nesse sentido, o WWF subscreveu a proposta de moratória global para todas as atividades de mineração em alto-mar, formalizada nesta semana por um grupo de países insulares do Pacífico, encabeçado por Palau e Fiji.

O Washington Post fez um panorama dos principais pontos da agenda da Conferência dos Oceanos em Lisboa e o que se espera (e não se espera) desse evento.

Em tempo: Por falar em mar, o Fakebook.eco fez uma análise sobre o programa de combate ao lixo no mar, propagandeado pelo atual governo federal como a principal ação para preservar a costa brasileira. A iniciativa era uma das queridinhas de um ex-ministro do meio ambiente, frequentemente utilizada por ele para contestar as críticas de que sua gestão se omitia na defesa do meio ambiente. Pois bem: desde 2019, o programa recolheu apenas 0,03% dos resíduos que chegam ao litoral do país. Foram retiradas 279 toneladas de material das praias nos últimos três anos, média de 93 por ano, um montante insignificante diante das 325 mil toneladas que poluem as praias brasileiras todos os anos.

 

ClimaInfo, 29 de junho de 2022.

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