
As fortes chuvas que atingiram Pernambuco em maio passado foram potencializadas pela mudança do clima. A conclusão é de um novo estudo divulgado pela rede World Weather Attribution. O estudo é a primeira análise de atribuição de evento extremo à questão climática para o Brasil.
Segundo o estudo, as mudanças na dinâmica climática global causadas pelo acúmulo crescente de gases de efeito estufa na atmosfera e o consequente aumento da temperatura média planetária, tornaram as chuvas em Pernambuco cerca de 20% mais fortes do que seriam em condições normais.
Em termos probabilísticos, essas chuvas continuam sendo um evento raro mesmo no clima atual, com a temperatura média cerca de 1,2oC mais quente do que antes da Revolução Industrial. Segundo o estudo, chuvas totais para o período de sete e 15 dias, como as observadas em maio passado, têm aproximadamente uma chance de 1 em 500 e 1 em 1000, respectivamente.
Os cientistas concluíram que a mudança do clima tornou esse evento mais provável, ainda que não esteja claro o quão mais provável.
O estudo analisou também o (des)preparo do poder público na prevenção e mitigação de eventos climáticos deste tipo em Pernambuco. A despeito de Recife figurar entre as capitais brasileiras mais engajadas na questão climática, a situação de vulnerabilidade de comunidades mais pobres ainda é preocupante e contribuiu para ampliar o impacto das chuvas de maio. Por conta disso, os pesquisadores defendem medidas mais emergenciais para aumentar a resiliência destas comunidades e minimizar os efeitos das chuvas no futuro.
Jornal do Comércio, Estadão, Folha e Observatório do Clima abordaram os principais pontos do estudo.
Em tempo: As chuvas seguem causando destruição em Alagoas. À CNN Brasil, o coordenador da Defesa Civil do estado, coronel Moisés Melo, afirmou que “os danos público, privado, ambiental e social foram enormes, e incalculáveis para o momento”. Mais da metade dos municípios alagoanos registraram perdas associadas às inundações causadas pelas chuvas. Até a tarde desta 3a feira (5/7), seis mortes tinham sido confirmadas pelas autoridades locais, com mais de 56 mil pessoas desabrigadas e desalojadas. Estadão, g1 e Poder360, entre outros, deram mais informações.
ClimaInfo, 6 de julho de 2022.
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