Executivo do HSBC pede demissão depois de menosprezar investimentos ESG

HSBC ESG
REUTERS/Lam Yik/File Photo

O executivo Stuart Kirk, chefe de investimento responsável da área de gestão de ativos do HSBC, anunciou sua demissão nesta 5ª feira (7/7), quase dois meses após ser afastado do posto pela direção do banco por causa de um sincericídio anti-ESG. Em maio, Kirk afirmou em um evento organizado pelo Financial Times que os alertas sobre a gravidade da crise climática eram “infundados” e que a discussão sobre riscos climáticos traria um problema imediato desnecessário para os investidores, “observando algo que vai acontecer em 20 ou 30 anos”.

Em um post numa rede social, o executivo criticou a maneira como o HSBC conduziu a situação e acusou a “cultura do cancelamento” pela sua saída da instituição. “Se as empresas acreditam na diversidade e se manifestam, elas precisam falar. Uma cultura de cancelamento destrói riqueza e progresso”. Ele também afirmou que teria recebido o apoio de “dezenas de milhares de pessoas”, incluindo CEOs, políticos e – pasmem – cientistas.

À época, o próprio presidente do HSBC, Noel Quinn, denunciou publicamente a fala de Kirk e ressaltou que ela não representava a visão do banco para a questão climática e os investimentos ESG. No entanto, o episódio reforça o mal-estar que o mercado financeiro vem sentindo dentro desse debate nos últimos meses: a atenção redobrada de investidores e reguladores governamentais sobre as questões de sustentabilidade vem trazendo problemas para bancos e instituições financeiras, que estão sendo cobradas por eventuais deslizes e tentativas de greenwashing.

Bloomberg, Financial Times, Reuters e Wall Street Journal, entre outros, deram a notícia.

Em tempo: A Bloomberg destacou uma perspectiva interessante do movimento recente em torno do ESG no mundo corporativo. Antes disputadas entre jovens profissionais de alta qualificação, hoje as vagas nas carreiras mais prestigiosas dentro da indústria fóssil, como as da engenharia, estão atraindo menos interesses de candidatos. Em contraposição, esses jovens estão buscando iniciar suas carreiras em empresas com maior compromisso e alinhamento com questões socioambientais. Para o setor fóssil, essa “fuga de cérebros” é crítica, já que compromete não apenas as operações e os negócios de hoje, mas também as chances e oportunidades de crescimento (ou sobrevivência) na economia de baixo carbono de amanhã.

 

ClimaInfo, 8 de julho de 2022.

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