Supermercados europeus seguem vendendo commodities de áreas de desmatamento ilegal

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As promessas de gigantes do varejo europeu para livrar suas gôndolas de produtos associados direta e indiretamente à destruição do meio ambiente ainda não se refletiram em resultados práticos. 

O alerta é da organização Mighty Earth, que analisou como essas empresas vêm implementando compromissos recentes para segregar e deixar de comprar commodities, principalmente carne bovina e soja produzidas em áreas desmatadas ilegalmente.

O resultado é decepcionante: pelo menos 13 redes de varejo europeias continuam colocando esses produtos em suas prateleiras. Entre as redes apontadas pelo levantamento, estão Carrefour, Tesco, Asda e Sainsbury’s. O relatório identificou que os fornecedores dessas gigantes ainda incluem áreas sob suspeita de desmatamento ilegal no Cerrado brasileiro que somam mais de 27 mil hectares desde agosto de 2020, quando algumas dessas empresas anunciaram compromisso internacional para vetar soja e carne produzidas em fazendas com passivo ambiental no Brasil. 

Guardian e Valor repercutiram as conclusões dessa análise.

Em tempo 1: Guilherme Amado revelou no Metrópoles que os três maiores frigoríficos do Brasil – JBS, Marfrig e Minerva – têm realizado uma série de reuniões nas últimas semanas para estabelecer uma estratégia comum de resposta às pressões internacionais contra o impacto ambiental de seus negócios. Se essas conversas resultarem em mudanças nas práticas de gestão e na cadeia produtiva, o resultado será bem-vindo. Se a coisa se resumir simplesmente a uma ofensiva publicitária, um greenwashing combinado, terá sido um desperdício de dinheiro, tempo e talento.

Em tempo 2: Por falar em greenwashing, Paula Reisdorf revelou no The Intercept Brasil que a JBS, que vive cantando compromissos com o meio ambiente no Brasil, injetou milhares de dólares nas contas de políticos norte-americanos que negam a mudança climática. De 2011 a 2020, a empresa doou cerca de R$ 3,3 milhões, em valores equivalentes, para 137 candidatos a cargos eletivos nos EUA, sendo que, dos dez que mais receberam recursos, oito são negacionistas.

 

ClimaInfo, 12 de julho de 2022.

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