Guerra e eventos extremos dominam cúpula sobre clima

Diálogo Climático de Petersberg
Lev Radin/Getty Imagem

O governo da Alemanha abriu ontem (18/7) mais uma edição do Diálogo Climático de Petersberg. Organizado em Berlim, o evento de alto nível sobre mudanças do clima costuma reunir alguns pesos-pesados da diplomacia ambiental internacional e antecipar temas e pontos importantes da agenda de negociação da próxima COP. A guerra entre Rússia e Ucrânia, a crise energética na Europa e a intensificação dos eventos extremos ao redor do mundo foram os tópicos mais quentes do debate.

Na abertura, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que a crise do multilateralismo internacional está ameaçando arruinar as últimas chances que a Humanidade tem para evitar o pior da mudança climática. “Não podemos continuar assim. Devemos reconstruir a confiança e nos unir, para manter [o limite de aquecimento de] 1,5ºC vivo e construir comunidades resilientes ao clima”, disse Guterres. “Nós temos uma escolha: ação coletiva ou suicídio coletivo. Está em nossas mãos”. Business Green, Folha, Guardian e VEJA, entre outros, deram destaque à fala de Guterres.

Segundo informou a Associated Press, o principal objetivo do governo alemão com o evento é reconstruir a confiança entre nações ricas e pobres antes da Conferência de Sharm el-Sheikh (COP27), programada para novembro no Egito. 

A tarefa é difícil: mesmo com as preocupações, não houve qualquer anúncio novo sobre financiamento climático para os países em desenvolvimento, uma das “pedras no sapato” dos negociadores na COP. Por ora, também não há sinalização evidente de que os grandes emissores de gases de efeito estufa estejam se preparando para apresentar novas metas de mitigação mais ambiciosas.

Por falar em COP, o atual líder das negociações climáticas da ONU, o britânico Alok Sharma, voltou a defender que o próximo primeiro-ministro do Reino Unido mantenha não apenas a meta de descarbonização total até 2050, mas também apresente um plano de ação para tirá-la do papel nas próximas décadas. A notícia é do Guardian.

A sucessão de Boris Johnson virou uma novela acidental para a diplomacia climática. Isso porque, como assinalado ontem aqui, alguns candidatos ao comando do governo britânico enxergam a política climática do atual premiê com ressalvas. O temor é que um novo primeiro-ministro decida abandonar a meta net-zero, o que seria um retrocesso político significativo em uma das maiores economias do mundo.

Em tempo: AFP e Reuters destacaram o pedido de governos de Pequenos Países Insulares do Pacífico à Corte Internacional de Justiça pedindo uma posição sobre as obrigações legais das nações para frear a mudança do clima. A requisição aconteceu dias após o encerramento de uma conferência de líderes regionais, na qual eles reforçaram a preocupação com a falta de avanço das principais economias em seus esforços de mitigação, bem como o apoio limitado dado até agora para adaptação climática aos países da região do Pacífico.

 

ClimaInfo, 19 de julho de 2022.

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