Troca de governo no Reino Unido atrapalha preparação da COP27

18 de julho de 2022
COP27 queda Boris Johnson
Amer Ghazzal/Rex/Shutterstock

A renúncia do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, pode respingar nas negociações climáticas da ONU. Isso porque o presidente da COP26, Alok Sharma, que encabeça as conversas até a abertura da Conferência de Sharm el-Sheikh (COP27), em novembro, sinalizou que pode renunciar ao posto caso o próximo governo britânico derrube o compromisso de tornar o país neutro em emissões líquidas de carbono até 2050.

Para Sharma, uma decisão contrária ao compromisso de net-zero acarretaria “danos incríveis” à posição global do Reino Unido e prejudicaria a condição da diplomacia britânica de seguir liderando as negociações climáticas até a COP27. “Quem aspira liderar nosso país precisa demonstrar que leva essa questão incrivelmente a sério, que está disposto a continuar liderando e assumir o manto que Boris Johnson começou”, defendeu Sharma sobre os candidatos à sucessão em Downing Street. Guardian e Independent destacaram a cobrança.

A reclamação de Sharma não é acidental. Como assinalado pelo Guardian, grupos conservadores contrários à política climática de Johnson querem aproveitar a troca de governo para reverter medidas que consideram prejudiciais à economia britânica, como as metas de mitigação para geração elétrica e adoção do transporte eletrificado.

Entre os favoritos, o ex-ministro de finanças, Rishi Sunak, e a ministra do exterior, Liz Truss, polarizam a discussão sobre clima dentro do Partido Conservador. Sunak, cuja renúncia foi um dos catalisadores da crise que resultou na queda de Johnson, é visto como um nome mais alinhado à linha adotada pelo atual primeiro-ministro. Já Truss, que segue no gabinete, é historicamente mais refratária às iniciativas “verdes” do atual governo. Ainda assim, Truss se comprometeu a manter a meta net-zero em seu eventual governo.

Em tempo: Um conselheiro de Joe Biden na Casa Branca apresentou pedido à ONU para retirar a COP27 do Egito, por conta das leis anti-LGBTQIAPN+ em vigor atualmente no país. Jerome Foster, quem apoia o governo norte-americano em questões de clima e juventude, e seu parceiro, Elijah Mckenzie-Jackson, ressaltaram que a realização da Conferência do Clima no país do norte da África coloca em risco a segurança de ativistas climáticos gays e de outros grupos sociais, como mulheres. “As pessoas não podem servir como bucha de canhão para o movimento climático. A COP27 fracassará se acontecer no Egito porque vozes críticas estão sendo deixadas de fora”, dizem em carta encaminhada à secretária-geral da UNFCCC, Patricia Espinosa. Guardian e VEJA repercutiram a notícia.

 

ClimaInfo, 18 de julho de 2022.

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