Crise energética coloca em xeque fechamento de usinas nucleares na Alemanha

Alemanha energia nuclear

O aperto energético imposto pela Rússia aos países da União Europeia está fazendo com que o governo da Alemanha repense aquela que foi uma das prioridades políticas da ex-chanceler Angela Merkel depois do acidente de Fukushima – o descomissionamento de todas as usinas nucleares do país. A meta inicial era que elas estivessem totalmente fechadas até o final deste ano, mas o governo de Olaf Scholz afirmou nesta 2ª feira (25/7) que pode decidir pelo adiamento desses prazos para garantir a disponibilidade de energia para os consumidores alemães.

Maior economia da UE, a Alemanha é bastante dependente do fornecimento de gás natural da Rússia. No entanto, por conta das sanções internacionais impostas contra Moscou pela invasão à Ucrânia, o governo de Vladimir Putin tem reduzido o fornecimento de gás para as economias europeias. Um eventual corte total do gás russo seria um desastre para a economia alemã e um baque tremendo para a saúde econômica da UE como um todo.

A proposta de prorrogar a operação das três usinas nucleares que seguem funcionando na Alemanha tem um obstáculo notável dentro do próprio governo: o Partido Verde, um dos parceiros da coalizão liderada por Scholz, é opositor histórico da energia nuclear. Qualquer decisão nesse sentido precisará ser validada com os aliados verdes. Bloomberg, RFI e Wall Street Journal repercutiram o dilema energético alemão.

Por falar em gás natural, representantes dos governos da UE aprovaram ontem (26/7) em Bruxelas um plano para redução do consumo desse combustível para os próximos meses. A proposta estabelece uma meta voluntária de 15% de corte no gás consumido entre agosto de 2022 e março de 2023. Essa meta pode se tornar obrigatória caso o Conselho da UE, que reúne os países-membros, decida por maioria decretar estado de emergência. 

O texto aprovado flexibilizou a proposta original apresentada pela Comissão Europeia na semana passada: inicialmente, a meta de 15% não teria exceções e a decisão sobre o estado de emergência seria feita pela própria Comissão enquanto órgão executivo da UE. Agora, além da decisão estar a cargo do Conselho da UE, países insulares e nações como Espanha e Portugal estarão isentas de cumprir a meta. Outras exceções incluem o uso de gás para processos industriais e no caso de risco de apagão elétrico.

Bloomberg, CNN, Deutsche Welle, Guardian, Reuters, RFI e Valor, entre outros, repercutiram a decisão da UE.

 

ClimaInfo, 27 de julho de 2022.

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