Crise climática: é hora de começarmos a pensar no pior, alertam cientistas

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Quem pesquisa e trabalha com mudança do clima enfrenta um desafio rotineiro: como tratar do tema? Ressaltar os cenários mais catastróficos possíveis para evidenciar a urgência do problema e mobilizar as pessoas? Mas o que fazer caso elas se assustem com isso? Ou destacar as pequenas ações possíveis? Só que, a essa altura, elas são insuficientes para as mudanças estruturais necessárias ao enfrentamento da crise climática.

Para alguns cientistas, no entanto, a época das sutilezas e do otimismo ficou para trás. Chegou a hora de pensar na concretização dos piores cenários da crise climática para que possamos nos preparar e diminuir o impacto potencial. “Enfrentar um futuro de aceleração da mudança climática, ignorando os piores cenários, é uma gestão de risco ingênua, na melhor das hipóteses, e fatalmente tola, na pior”, destacou um estudo publicado nesta semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Segundo os pesquisadores, as estimativas dos impactos de um aumento de temperatura de 3°C estão sub-representadas em comparação com sua probabilidade. Para eles, uma clareza maior sobre os piores cenários pode facilitar o esforço de adaptação das comunidades e das economias, além de mobilizar melhor os diferentes atores políticos, econômicos e sociais em torno de medidas imediatas para evitar as piores consequências da mudança do clima. Para avaliar adequadamente todos esses riscos, os autores estão solicitando que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas realize um relatório especial sobre mudanças climáticas catastróficas.

“Há muitas razões para acreditar que a mudança climática pode se tornar catastrófica, mesmo em níveis modestos de aquecimento”, comentou Luke Kemp, pesquisador da Universidade de Cambridge (Reino Unido) e autor principal do estudo, ao Guardian. “A mudança climática desempenhou um papel em todos os eventos de extinção em massa. Os caminhos para o desastre não se limitam aos impactos diretos das altas temperaturas, como eventos extremos; efeitos indiretos, como crises financeiras, conflitos e novos surtos de doenças podem desencadear outras calamidades”.

Associated Press, BBC Brasil, Independent, Inside Climate News e Olhar Digital, entre outros, destacaram o estudo.

 

ClimaInfo, 3 de agosto de 2022.

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