Famílias que passaram décadas vivendo no mesmo local, com histórias e tradições em comum, estão sendo forçadas a deixar suas casas na pequena Fiji, no Oceano Pacífico. A partida não é repentina, mas sim o resultado de um drama a conta-gotas, com o mar avançando um centímetro depois do outro na praia e se aproximando perigosamente das casas. Para essas pessoas, adaptação climática não adianta mais: a solução é ir embora.
“Leva tempo para que uma ideia se estabeleça no nosso coração, seres humanos, para que possamos aceitar as mudanças que estão por vir”, lamentou Semisi Madanawa, mãe de três crianças e moradora da ilha Serua, à Reuters. O mar já consegue molhar o jardim de sua casa; em breve, estará dentro da residência.
O cenário é parecido em outras ilhas do Pacífico, onde a altitude média dos terrenos não passa dos dois metros. Elas estão na linha de frente dos impactos climáticos imediatos, com o avanço do nível do mar comendo o chão pedaço por pedaço. Seus moradores não se confrontam apenas com a perspectiva de deixar suas casas, mas também com a incerteza do que poderá acontecer depois – e com que dinheiro eles poderão reconstruir suas vidas.
“Teremos que encontrar uma maneira de ter uma discussão substantiva sobre perdas e danos na COP27”, defendeu o presidente da COP26, o britânico Alok Sharma, durante cúpula recente dos pequenos países insulares do Pacífico na capital de Fiji, Suva. “Vocês [populações do Pacífico] são forçados a lidar com as consequências das emissões de gases de efeito estufa geradas em grande parte pelas grandes economias, que estão muito longe daqui. Esta não é uma crise de sua autoria”.
ClimaInfo, 3 de agosto de 2022.
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