Rumo à COP27: países africanos fazem queda-de-braço sobre papel do gás na transição energética

COP27 África gás natural
Morgana Wingard/USAID Flickr)

Faltando quase três meses para a abertura da Conferência da ONU sobre o Clima (COP27) de Sharm el-Sheikh, no Egito, os países africanos tentam definir uma estratégia conjunta para facilitar sua atuação política nas negociações climáticas deste ano. Para eles, a unidade é um instrumento de ação valioso para dar mais peso às demandas políticas, econômicas e sociais do continente mais pobre do mundo nessas discussões. No entanto, nem todos os governos africanos estão na mesma página nessa definição.

Um dos pontos de desavenças emergiu nesta semana, depois de a União Africana (UA) formalizar uma proposta de posição comum em favor do gás natural como “fonte de transição” para o carbono zero. A posição pró-gás não foi bem vista por alguns governos, que enxergam nela uma polêmica desnecessária que pode inviabilizar a unidade africana em outros temas mais prioritários para a região, como adaptação e financiamento climático.

No Climate Home, Chloe Farand também destacou a contrariedade de organizações da sociedade civil africana com a proposta da UA. “Seria uma traição vergonhosa ao povo africano, já na linha de frente da crise climática, se os líderes africanos usarem a COP27 em solo africano para trancar o continente em um futuro baseado em combustíveis fósseis”, afirmou Mohamed Adow, da Power Shift Africa. “O que a África não precisa é ficar presa a infraestruturas caras de energia fóssil que ficarão obsoletas em poucos anos, à medida que a crise climática piorar”. A Associated Press também abordou a proposição da UA para a COP27.

Enquanto isso, o governo da Índia aprovou nesta semana uma revisão das metas climáticas do país sob o Acordo de Paris. O documento define uma redução de 45% na intensidade de emissões de seu PIB até 2030 em relação aos níveis de 2005, além de uma nova meta de cerca de 50% de capacidade instalada elétrica a partir de fontes não-fósseis até 2030.

A Índia era uma das poucas economias do G20 que ainda não tinham revisado suas contribuições nacionalmente determinadas (NDC). Na COP26, em novembro passado, o primeiro-ministro Narendra Modi anunciou que o país pretendia assumir um compromisso de descarbonização líquida total até 2070, data bem atrasada em relação a outras grandes economias, como China, União Europeia e Brasil. Bloomberg, Climate Home e Reuters destacaram o anúncio indiano.

 

ClimaInfo, 5 de agosto de 2022.

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