Lucro recorde das petroleiras é “imoral”, critica secretário-geral da ONU

António Guterres
REUTERS

A bonança recente da indústria petroleira não escapou do olhar crítico do secretário-geral da ONU. Em discurso na sede da organização em Nova York (EUA), António Guterres foi na jugular do Big Oil: chamou os lucros exorbitantes obtidos pelos produtores de combustíveis fósseis de “imorais” e pediu aos governos por mais impostos sobre o setor para arrecadar recursos contra a pobreza e a crise climática.

“É imoral que as empresas de petróleo e gás obtenham lucros recordes com essa crise de energia nas costas das pessoas e das comunidades mais pobres e com um custo enorme para o clima”, disse Guterres. “Os lucros combinados das maiores empresas de energia no 1o trimestre deste ano estão perto dos US$ 100 bilhões. Exorto todos os governos a tributar esses lucros excessivos e usar os fundos para apoiar as pessoas mais vulneráveis nesses tempos difíceis. E peço às pessoas de todos os lugares que enviem uma mensagem clara à indústria de combustíveis fósseis e seus financiadores de que essa ganância grotesca está punindo as pessoas mais pobres e vulneráveis, enquanto destrói nossa única casa comum, o planeta [Terra]”.

De fato, os números parciais do 2o trimestre de 2022 indicam que o lucro das grandes petroleiras pode ser astronômico neste ano. Por ora, os ganhos obtidos por quatro delas – BP, ExxonMobil, Chevron e Shell – já chegam aos US$ 60 bilhões, com muitas empresas ainda fechando seus balanços trimestrais. Esses recursos estão sendo usados, em sua maioria, para remunerar os acionistas e recomprar ações das empresas no mercado financeiro, com pouca ou nenhuma atenção aos esforços para descarbonização da indústria na próxima década.

A bronca de Guterres no Big Oil teve ampla repercussão, com manchetes na AFP, Associated Press, BBC, CNBC, Guardian e Reuters, entre outros.

 

ClimaInfo, 5 de agosto de 2022.

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