Compensação por perdas e danos será tema quente na COP27

COP27 perdas e danos
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A intensificação de eventos climáticos extremos, com danos cada vez maiores em termos materiais e humanos, deve colocar os negociadores na Conferência de Sharm el-Sheikh (COP27) sob pressão para finalmente tratarem de um tema caro aos países em desenvolvimento e mais vulneráveis, mas ignorado pelas nações ricas: a compensação financeira por perdas e danos causados pela crise climática.

Na Reuters, Kate Abnet fez um panorama geral da questão. Um aspecto curioso é que, pela 1a vez, os países participarão de uma COP com consciência clara de que os eventos extremos não são mais exclusividade dos países mais vulneráveis do Sul Global, mas também está causando destruição e mortes no mundo abastado do Norte Global. Por um lado, alguns ainda mantêm uma esperança de que essa experiência faça com que os governos ricos “tirem o escorpião do bolso” e olhem com mais atenção às demandas de compensação por perdas e danos do mundo mais pobre. Por outro lado, a margem para ampliar o financiamento climático está estreita nesses países, ao menos momentaneamente, por conta da crise energética e seus efeitos sobre a inflação global.

A questão de perdas e danos está intimamente relacionada a dois itens tradicionalmente problemáticos da agenda nas COPs: financiamento e Justiça Climática. Os países em desenvolvimento seguem frustrados com a falta de avanços de seus colegas desenvolvidos no cumprimento do objetivo de destinar US$ 100 bilhões anuais para ação climática, e muitos querem aproveitar a COP27 no Egito, a primeira em uma nação fora da Europa desde 2016. Vale a pena ler a síntese feita por José Alberto Gonçalves Pereira no Um Só Planeta.

Em tempo: Ainda sobre a COP27, o Climate Home destacou a movimentação do governo anfitrião do Egito para impulsionar investimentos externos em projetos climáticos nos países africanos em Sharm el-Sheikh. Os projetos se dividem em seis categorias: energia e transporte, agricultura e uso da terra, transformações digitais, mercados de crédito de carbono, economia azul e água, e cidades. Lembrando que, a despeito de ser uma das regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas, a África não costuma figurar entre os principais recipientes de investimentos climáticos de países desenvolvidos.

 

ClimaInfo, 9 de agosto de 2022.

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