Modelagem climática de bancos centrais coloca em risco trilhões de dólares em ativos

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Darren Pateman/EPA

Os bancos centrais do mundo estão utilizando modelos climáticos que minimizam o impacto potencial de eventos extremos sobre a economia, o que pode deixar de fora de sua estimativa de risco trilhões de dólares em ativos. Um novo estudo publicado na revista Environmental Research: Climate destacou a necessidade de modelos mais completos para análise de risco por parte dos reguladores.

De acordo com Andy Pitman, diretor do Centro de Excelência do Conselho de Pesquisa Australiano para Extremos Climáticos e autor do estudo, os bancos centrais estão confiando em modelos que são bons em prever como o clima médio mudará à medida que o planeta aquece, mas que são menos eficientes na análise sobre os impactos de extremos climáticos em localidades individuais.

“Sem sombra de dúvida, estamos superestimando o custo da mudança climática em algumas áreas e subestimando grosseiramente em outras”, disse Pitman ao Guardian. “Precisamos levar essa questão a sério – não apenas acessar informações que circulam e pensar que podemos empacotá-las para fazer avaliações econômicas adequadas.”

Nesse sentido, o estudo propõe uma abordagem mais cautelosa em relação a riscos que não podem ser bem compreendidos pelos modelos atuais. Nesse sentido, as decisões precisam ser “enquadradas em uma compreensão profunda da incerteza e escolhidas com muito cuidado para não causar danos” e incluir um maior investimento na ciência, disse Pitman.

Em tempo: Uma análise da seguradora Swiss Re divulgada no último dia 2 de agosto estimou em US$ 72 bilhões o prejuízo acumulado em todo o mundo com desastres naturais associados à mudança do clima. O valor para o 1o semestre deste ano é menor do que o registrado no mesmo período em 2021 (US$ 91 bilhões), mas próximo da média dos últimos dez anos (US$ 74 bilhões). Mais da metade desse valor não estava segurada. As inundações na Austrália estabeleceram um novo recorde de perdas seguradas em cerca de US$ 3,5 bi, a catástrofe natural mais cara para a indústria de seguros neste ano. Um Só Planeta deu mais informações.

 

ClimaInfo, 16 de agosto de 2022.

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