Clima extremo: pior seca em séculos coloca a economia chinesa de joelhos

24 de agosto de 2022
clima extremo China
Natalie Behring/Greenpeace

O que os chineses experimentam neste verão de 2022 é sem precedentes: há mais de 72 dias, grande parte do noroeste, centro e sudeste do país não registram uma mísera gota d’água caindo do céu.

A primeira quinzena de agosto foi a mais quente para o período desde os primeiros registros, em 1961, com a maior área sob cobertura de temperatura acima de 40oC da história recente da China.

“Contra o pano de fundo do aquecimento global, a onda de calor será um ‘novo normal’. A alta temperatura começará mais cedo, terminará mais tarde e durará muito mais, o que vai se tornar mais frequente no futuro”, vaticinou Chen Lijuan, do Centro Nacional do Clima da China, citado pelo Climate Home

O reflexo do calor e da seca intensos é facilmente percebido nas ruas e no dia-a-dia de centenas de milhões de chineses nas últimas semanas, mas começa também a ser visto do espaço. Os satélites acompanham em tempo real a agonia do rio Yangtze e do Lago Poyang, corpos d’água gigantescos com importância estratégica para a economia chinesa, e que agora secam rapidamente, prejudicados pela falta de chuvas.

O caso do Yangtze é crítico: como bem destacou a Bloomberg, há um ano o nível da água estava acima da média, favorecido por chuvas intensas no último verão; hoje, ele está no pior patamar desde 1865, expondo faixas de areia, rocha e lama marrom que cheira a peixe podre.

A seca atinge diretamente a disponibilidade de energia elétrica, já que interrompe a atividade das usinas hidrelétricas da bacia do Yangtze. Destacamos aqui como isso está prejudicando a indústria em centros econômicos importantes, como Chengdu e Chongqing, ambos na província de Sichuan, a mais afetada pela falta de água.

Nesta semana, as autoridades chinesas alertaram também para o impacto da seca na produção agrícola, com diminuição da produtividade das safras de outono. Guardian, Reuters e Washington Post destacaram a notícia.

O momento não poderia ser pior: como assinalado pela Bloomberg, a perda de produção agrícola doméstica pode fazer o mercado chinês aumentar a pressão sobre fornecedores internacionais, tornando o suprimento global de alimentos ainda mais escasso.

 

ClimaInfo, 25 de agosto de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.



Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar