Clima extremo: pior seca em séculos coloca a economia chinesa de joelhos

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Natalie Behring/Greenpeace

O que os chineses experimentam neste verão de 2022 é sem precedentes: há mais de 72 dias, grande parte do noroeste, centro e sudeste do país não registram uma mísera gota d’água caindo do céu.

A primeira quinzena de agosto foi a mais quente para o período desde os primeiros registros, em 1961, com a maior área sob cobertura de temperatura acima de 40oC da história recente da China.

“Contra o pano de fundo do aquecimento global, a onda de calor será um ‘novo normal’. A alta temperatura começará mais cedo, terminará mais tarde e durará muito mais, o que vai se tornar mais frequente no futuro”, vaticinou Chen Lijuan, do Centro Nacional do Clima da China, citado pelo Climate Home

O reflexo do calor e da seca intensos é facilmente percebido nas ruas e no dia-a-dia de centenas de milhões de chineses nas últimas semanas, mas começa também a ser visto do espaço. Os satélites acompanham em tempo real a agonia do rio Yangtze e do Lago Poyang, corpos d’água gigantescos com importância estratégica para a economia chinesa, e que agora secam rapidamente, prejudicados pela falta de chuvas.

O caso do Yangtze é crítico: como bem destacou a Bloomberg, há um ano o nível da água estava acima da média, favorecido por chuvas intensas no último verão; hoje, ele está no pior patamar desde 1865, expondo faixas de areia, rocha e lama marrom que cheira a peixe podre.

A seca atinge diretamente a disponibilidade de energia elétrica, já que interrompe a atividade das usinas hidrelétricas da bacia do Yangtze. Destacamos aqui como isso está prejudicando a indústria em centros econômicos importantes, como Chengdu e Chongqing, ambos na província de Sichuan, a mais afetada pela falta de água.

Nesta semana, as autoridades chinesas alertaram também para o impacto da seca na produção agrícola, com diminuição da produtividade das safras de outono. Guardian, Reuters e Washington Post destacaram a notícia.

O momento não poderia ser pior: como assinalado pela Bloomberg, a perda de produção agrícola doméstica pode fazer o mercado chinês aumentar a pressão sobre fornecedores internacionais, tornando o suprimento global de alimentos ainda mais escasso.

 

ClimaInfo, 25 de agosto de 2022.

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