O estado norte-americano do Texas declarou guerra aberta a investidores que impuserem critérios ESG para empreendimentos e negócios de energia. De acordo com o controlador-geral, Glenn Hegar, gestoras de investimentos como BlackRock e UBS podem ser impedidas de operar no estado caso elas “boicotem” financeiramente a indústria de combustíveis fósseis, setor central para a economia texana.
“O movimento ambiental, social e de governança corporativa (ESG) produziu um sistema opaco e perverso no qual algumas empresas financeiras não tomam mais decisões no melhor interesse de seus acionistas ou de seus clientes, mas usam sua influência financeira para impulsionar uma política social e uma agenda envolta em segredo”, disse Hegar em comunicado.
Controlado de cima a baixo pelo Partido Republicano, o Texas vem se notabilizando nos últimos tempos como um bastião negacionista de direita nos EUA. Para esses setores, a agenda ESG e a questão climática como um todo fazem parte das “guerras culturais” nas quais a “esquerda” impõe regras e condutas inadequadas pela perspectiva de certa direita.
Na interpretação desta direita, os critérios ESG criam uma distorção no mercado financeiro, em favor de narrativas “obscuras” – um dog whistle para globalismo e elites internacionais, de acordo com o discurso trumpista.
Em resposta, a BlackRock contestou a análise de Hegar, dizendo que o controlador não fez um “julgamento baseado em fatos”, mas sim em distorções. “Os funcionários públicos eleitos e nomeados têm o dever de agir no melhor interesse das pessoas a quem servem. Politizar os fundos de pensão estatais, restringir o acesso a investimentos e impactar os retornos financeiros dos aposentados não é consistente com esse dever”, disse a gestora de ativos em nota.
A movimentação do governo do Texas contra os investimentos ESG teve repercussão em veículos como Axios, Fox Business, Bloomberg e Reuters.
ClimaInfo, 25 de agosto de 2022.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.
