“Inflação de calor”: como o clima extremo já está afetando a economia global

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EPA

A palavra do ano na maior parte do mundo é uma velha conhecida do noticiário econômico brasileiro: inflação. O reaquecimento da economia global pós-pandemia e o choque recente dos preços do petróleo, intensificado pela guerra entre Rússia e Ucrânia na Europa, já estava causando um aumento do nível geral dos preços em diversos mercados. No entanto, o caldo foi ainda mais entornado nos últimos dois meses por causa dos efeitos do verão intenso sobre a geração de energia e a produção agrícola nos EUA, Europa e China. 

O resultado disso tudo, como assinalado pela AFP, é o surgimento de um novo tipo de inflação – a “inflação de calor”. Em termos práticos, ela começa a ser sentida agora, mas seu impacto mais forte pode vir nos próximos meses, quando as perdas nas safras atuais ficarão mais evidentes na oferta mais escassa de alimentos.

“Estamos em uma crise de alimentos, energia e custo de vida, criada pela COVID-19, exacerbada pela invasão da Ucrânia pela Rússia. Em um mercado perturbado – onde a demanda global está excedendo a oferta – qualquer perda de colheita não ajuda os preços”.

Estimativas da seguradora alemã Allianz indicam que o preço de alimentos e bebidas na zona do euro aumentou em média 14% desde o início de 2021. No entanto, os preços do varejo experimentaram até aqui um aumento de apenas 6%, o que significa que os varejistas ainda não estão passando o pior dos aumentos de preços dos produtores de alimentos para os consumidores. Quando esses aumentos forem totalmente refletidos nos preços dos supermercados, espera-se que o consumidor médio europeu gaste 243 euros a mais por uma cesta de produtos alimentícios em comparação com 2021 – e isso sem considerar os impactos da seca e do calor intenso.

Em tempo: Já na Alemanha, a Deutsche Welle destacou como a falta de água começa a causar disputas judiciais pelo uso deste recurso. Como em outras partes do mundo, a disputa pelo consumo prioritário coloca cidade contra campo, agro contra indústria, indústria contra indústria, e consumidores de pequeno porte contra grandes consumidores.

 

ClimaInfo, 29 de agosto de 2022.

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