Degelo em “geleira zumbi” da Groenlândia atinge ponto crítico e colapso parece inevitável

geleira Zumbi Austrália
Kerem Yücel / AFP / Getty Images

Um estudo recente, publicado na revista Nature Climate Change, jogou um balde de água gelada na cabeça de muitos cientistas. De acordo com a análise, o derretimento da calota de gelo da Groenlândia atingiu um “ponto de não-retorno”: ou seja, mesmo que o mundo consiga conter o aquecimento global e as mudanças do clima, o gelo depositado na ilha da América do Norte está fadado a derreter nas próximas décadas. Com isso, a expectativa é de que o nível do mar suba em, pelo menos, 27 centímetros, alimentado pelo derretimento de cerca de 110 trilhões de toneladas de gelo.

No entanto, o impacto pode ser ainda maior: por exemplo, se o derretimento registrado em 2012 na Groenlândia, recorde até aqui, se tornar frequente nas próximas décadas, ela resultaria em um aumento de 78 centímetros. Caso as emissões de gases de efeito estufa sigam crescendo e puxando a temperatura média global para cima, a elevação do nível do mar pode superar a marca dos metros.

“O mínimo de 27 centímetros é o déficit de elevação do nível do mar que acumulados até o momento e será pago, não importa o que façamos daqui para frente”, explicou ao Guardian Willian Colgan, do National Geological Survey of Denmark and Greenland (GEUS), e um dos autores do estudo. “Seja daqui a 100 anos ou 150 anos, está chegando. E o aumento do nível do mar com o qual estamos comprometidos está crescendo no momento, por causa da trajetória climática em que estamos”.

Os dados do estudo tiveram destaque em outros veículos como Associated Press, Washington Post e Valor.

Em tempo: Um grupo de cientistas publicou nesta semana um artigo na Nature Climate Change na qual defende a desobediência civil para reforçar a gravidade da crise climática e a necessidade de ações rápidas e efetivas para enfrentar o problema. “A desobediência civil por parte dos cientistas tem o potencial de eliminar a miríade de complexidades e confusão em torno da crise climática. Quando aqueles com experiência e conhecimento estão dispostos a transmitir suas preocupações de uma maneira mais intransigente (…) isso lhes confere uma eficácia particular como ato comunicativo. Este é o insight de Greta Thunberg quando ela nos pede para ‘agir como você faria em uma crise’”, escreveram os pesquisadores. O Guardian repercutiu essa carta.

 

ClimaInfo, 2 de setembro de 2022.

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