Clima extremo: enchentes históricas causam a pior crise humanitária no Paquistão em décadas

Paquistão crise humanitária
AP Photo/Fareed Khan

A situação do Paquistão piora rapidamente, à medida que o impacto das enchentes que cobriram ⅓ de seu território nas últimas semanas fica mais evidente para as autoridades do país. Ontem (4/9), engenheiros abriram um canal na margem do lago Manchar, um dos maiores do país, para esvaziá-lo e evitar a inundação potencial da cidade de Sehwan, onde vivem mais de 500 mil pessoas. Para viabilizar a ação, o governo retirou cerca de 100 mil pessoas que viviam no entorno do lago. Associated Press e Reuters deram mais informações.

O governo paquistanês voltou a pedir por mais ajuda internacional para lidar com o desastre. Até este final de semana, pelo menos 1.265 mortes tinham sido confirmadas, e mais de 33 milhões de pessoas afetadas em todo o país. “A escala da devastação é enorme e exige uma imensa resposta humanitária. Por isso, apelo aos meus colegas paquistaneses, expatriados e à comunidade internacional para ajudar o Paquistão nesta hora de necessidade”, suplicou Ahsan Iqbal, ministro paquistanês de planejamento, citado pela Associated Press.

Já a Reuters destacou o impacto das chuvas para as crianças paquistanesas: do total de mortes até aqui, 441 delas eram crianças e adolescentes. Pelo menos 3,4 milhões delas precisam de apoio imediato para sobreviver, estimou a UNICEF.

“O risco de um surto de doenças transmitidas pela água, como cólera, diarreia, dengue e malária, continua aumentando a cada dia, pois as pessoas são forçadas a beber água contaminada e defecar a céu aberto. Os perigos trazidos por mosquitos, picadas de cobra, doenças de pele e respiratórias também estão aumentando. Precisamos de apoio urgente para ajudar as crianças que lutam pela sobrevivências”, afirmou Abdullah Fadil, representante da UNICEF no Paquistão.

Além dos paquistaneses, as inundações causadas pelas fortes chuvas de monção deste verão também prejudicaram milhares de refugiados afegãos que vivem no país vizinho desde a volta do Talibã ao governo do Afeganistão, há pouco mais de um ano. Segundo o Alto-Comissariado da ONU para Refugiados (UNHCR), cerca de 1,3 milhão de afegãos vivem no Paquistão, dos quais mais de 421 mil vivem nas áreas mais afetadas pelas chuvas.

CNBC e TIME, por sua vez, alertaram para o custo parcial estimado dos prejuízos causados pelas chuvas no Paquistão – cerca de US$ 10 bilhões, quase 4% do PIB do país, com a destruição mais de 700 mil casas e a inutilização (ao menos temporária) de grandes áreas de terras agrícolas cruciais para a subsistência e a segurança alimentar da população. 

O impacto das inundações no Paquistão deve reforçar a cobrança dos países pobres na Conferência do Clima de Sharm el-Sheikh (COP27) por avanços na questão da compensação por perdas e danos decorrentes de eventos extremos nas economias mais vulneráveis.

 

ClimaInfo, 5 de setembro de 2022.

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