Prejuízo com enchentes históricas no Paquistão pode ser ainda maior que o estimado

Paquistão enchentes históricas custo
FAYAZ AZIZ—REUTERS

Com boa parte do país ainda debaixo d’água, o governo do Paquistão faz e refaz contas para estimar o prejuízo das enchentes históricas desta temporada de monção. Cálculos iniciais indicavam que o custo econômico do desastre ficaria em cerca de US$ 10 bilhões, o que representa 4% do PIB do país. No entanto, o ministro do planejamento, Ahsan Iqbal, afirmou nesta 3a feira (6/9) que o buraco pode ser ainda mais fundo, já que os danos identificados até aqui são muito maiores do que o especulado no começo da crise.

Por causa disso, as autoridades paquistanesas estão reforçando seus apelos por ajuda financeira internacional para lidar com os impactos das enchentes e os esforços de reconstrução do país.

“Todos os países que contribuíram para o aquecimento global têm a responsabilidade de nos ajudar agora e ser parceiros na reabilitação e reconstrução”, disse Iqbal à Bloomberg. “Esta tragédia não é de nossa autoria. É causada pela mudança do clima”.

“O Paquistão é um dos países mais afetados pelas mudanças climáticas, [mas] temos uma pegada de carbono muito, muito pequena”, ressaltou o ministro de finanças, Miftah Ismail, em entrevista à CNBC. “O mundo tem que acordar para esta realidade de que um país pobre como o Paquistão, que não está produzindo dióxido de carbono, que não está contribuindo para o efeito estufa, está sofrendo o pior”. A Fortune também destacou o apelo dos ministros paquistaneses por ajuda internacional.

Já a Associated Press informou que as inundações podem colocar em risco as ruínas de Mohenjo Daro, construída há 4,5 mil anos e consideradas um dos assentamentos urbanos primitivos mais bem conservados do sul da Ásia.

De acordo com o curador do sítio arqueológico, Ahsan Abbasi, as chuvas causaram danos às ruínas, como o desmoronamento de muros. Esforços estão sendo feitos para garantir a segurança do resto das construções, mas a possibilidade de novas chuvas, bem como a formação de enchentes ainda maiores, pode ser fatal para a sobrevivência deste patrimônio histórico.

Em tempo: O escritório humanitário da ONU afirmou nesta semana que pelo menos US$ 1 bilhão serão necessários com urgência para evitar a fome na Somália nos próximos meses. O país sofre com mais uma forte seca, que afetou a produção agrícola local e diminuiu a disponibilidade de alimentos; a disrupção das cadeias globais de abastecimento, causada pela guerra na Ucrânia, intensificou o problema. “O fracasso sem precedentes de quatro estações chuvosas consecutivas, décadas de conflito, deslocamento em massa e graves problemas econômicos estão levando muitas pessoas à beira da fome. E essas condições provavelmente durarão até pelo menos março de 2023”, explicou o subsecretário-geral para assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths. A notícia é da Associated Press.

 

ClimaInfo, 8 de setembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.