Premiê do Paquistão pede mais ação climática durante visita do secretário geral da ONU

Paquistão crise humanitária
AP Photo/Fareed Khan

Nesta 5ª feira (8/9), o secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou a região de Islamabad, no Paquistão, para ver o impacto das enchentes históricas que atingiram o país nos últimos meses. Ele deverá passar os próximos dias conversando com oficiais do governo paquistanês e de agências da ONU que estão em campo auxiliando no resgate e no cuidado com as vítimas.

“Cheguei ao Paquistão para expressar minha profunda solidariedade com o povo paquistanês após as enchentes devastadoras aqui ocorridas. Apelo para um apoio maciço da comunidade internacional à medida que o Paquistão responde a esta catástrofe climática”, tuitou Guterres.

De acordo com a Associated Press, o primeiro-ministro Shahbaz Sharif fez um apelo a um representante diplomático dos EUA por mais ação do resto do mundo contra a crise climática, para evitar que o Paquistão e outros países pobres e vulneráveis sofram ainda mais com eventos extremos.

Ao mesmo tempo, a Bloomberg especulou sobre a reação da China à crise no Paquistão; nos últimos anos, os dois países se aproximaram política e economicamente, enquanto os EUA buscavam se distanciar da região depois do debacle no Afeganistão. No entanto, por ora, o governo norte-americano é o apoiador mais generoso e tempestivo, mas não deve oferecer o mesmo apoio dado na resposta às enchentes de 2010. Já os chineses, por ora, não demonstraram muita disposição de ir além da ajuda protocolar.

As chuvas e as enchentes completam o “inferno astral” do Paquistão no último ano, observou a Bloomberg. A inflação de agosto foi a maior em 47 anos. Há poucos meses, uma crise política derrubou o polêmico premiê Imran Khan, enquanto o Fundo Monetário Internacional emprestou US$ 1,2 bilhão para ajudar o país a resolver parte de seu aperto financeiro. Para os paquistaneses em geral, o governo é corrupto, a ajuda é mínima e o sofrimento, enorme. Tudo isso antes das enchentes. Agora, depois, a sensação de fracasso e frustração é ainda mais latente.

“Mesmo que a raiva do povo seja justificada, deve haver esta pergunta: o Paquistão tem capacidade para lidar com essa tragédia incomum?”, questionou Manoj Joshi, analista da Observer Research Foundation (Índia). “Se onde você precisa de 100 administradores você tem apenas 24, até que ponto eles podem responder? Têm barcos? O exército ou a força aérea podem intervir no curto prazo?”.

Em tempo: Representantes de países africanos saíram irritados de uma cúpula sobre adaptação realizada na última semana em Roterdã. Os presidentes de Senegal, República Democrática do Congo e Gana foram até a Europa e esperavam conversar com outras lideranças internacionais sobre as necessidades de adaptação das nações do continente; no entanto, de acordo com o Climate Home, o único chefe de governo europeu presente para recepcioná-los foi o próprio primeiro-ministro holandês, Mark Rutte. Para os líderes africanos, a ausência de seus colegas ricos da Europa é apenas mais um indício da falta de interesse desses países em atender às necessidades do mundo em desenvolvimento para adaptação climática.

 

ClimaInfo, 9 de setembro de 2022.

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