Ativistas russos processam governo Putin por política climática

14 de setembro de 2022
Rússia crise climática
Maxim Shipenkov/EPA

Em meio à invasão da Ucrânia e à queda-de-braço energética com a Europa, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, está sendo cobrado por ativistas climáticos por sua inação contra a mudança do clima.

Nesta 3ª feira (13/9), duas organizações ativistas de meio ambiente e Direitos Humanos protocolaram na Suprema Corte russa uma ação cobrando medidas urgentes de Moscou para reduzir “radicalmente” as emissões de gases de efeito estufa (GEE) do país e cumprir suas obrigações internacionais assumidas sob o Acordo de Paris.

A ação foi assinada por duas entidades – Ekozashita e Grupo Moscou Helsinki, este último a mais antiga organização de Direitos Humanos da Rússia, fundada por dissidentes da União Soviética – e subscrita por 18 cidadãos russos e estrangeiros.

Para eles, o governo Putin não está levando a sério os efeitos da crise climática, que têm sido marcantes na Rússia nos últimos anos: além de ondas de calor, o país sofre com incêndios florestais frequentes, inclusive na região polar.

“Enquanto as temperaturas em todo o mundo aumentaram cerca de 1oC em comparação com os níveis pré-industriais nos últimos 50 anos, na Rússia elas aumentaram 2,5ºC, e essa proporção continuará ou até piorará no futuro”, argumentaram os reclamantes na ação.

Eles também pediram mais ambição das autoridades russas em seus compromissos junto ao Acordo de Paris: para eles, as metas de redução de 30% das emissões de GEE em 2030 e de 80% em 2050 (ambas em relação a 1990) são insuficientes para evitar o pior da crise climática.

Os signatários da ação sugerem uma redução de 70% das emissões em 2030, de forma que as emissões em 2050 fiquem em, no máximo, 5% em relação ao que se tinha em 1990, o que permitiria antecipar o prazo para descarbonização da economia russa, hoje definido para 2060. Guardian e Reuters deram mais informações.

Em tempo: Enquanto isso, na agora “Terra do Rei”, a imprensa segue especulando sobre a conduta de Charles III no trono do Reino Unido, especialmente se ele continuará defendendo pautas de meio ambiente e clima. A BBC trouxe a impressão de pessoas próximas ao novo monarca, que acreditam que essas questões seguirão em sua cabeça coroada no futuro. A principal preocupação, especialmente no que diz respeito à política doméstica britânica, é evitar que qualquer manifestação do rei seja entendida como uma interferência indevida nos assuntos do governo, o que romperia a neutralidade real sobre a qual se sustenta o arcabouço constitucional britânico. Nos EUA, duas impressões chamaram a atenção. O NY Times fez um breve balanço das palavras e ações de Charles III na questão ambiental e lembrou que o novo príncipe de Gales, William, segue o caminho ativista do pai e também é ativo no debate sobre meio ambiente e clima. Já o Washington Post mergulhou nas ideias ambientalistas de Charles e identificou uma ambiguidade do novo rei: por um lado, ele foi pioneiro nessa discussão, ajudando a chamar a atenção para o problema; por outro, ele também causou polêmica ao dar trela a argumentos falaciosos, como o que acusa o crescimento demográfico das nações pobres pela intensificação da degradação ambiental.

 

ClimaInfo, 15 de setembro de 2022.

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