Charles III: o príncipe-ativista climático assume o trono do Reino Unido

Rei Charles III
DFID/Flickr

As sete décadas de reinado de Elizabeth II terminaram na 5ª feira (8/9), com a morte repentina da monarca de 96 anos. A Coroa, agora, está assentada sobre a cabeça de seu filho mais velho, o agora rei Charles III, que terá um desafio enorme pela frente: substituir uma rainha popular, com um legado histórico significativo.

A mudança não é apenas de cabeça coroada. Enquanto Elizabeth se notabilizou pela neutralidade política estrita, Charles se embrenhou no caminho contrário: em seus mais de 50 anos como Príncipe de Gales, o agora rei encampou diversas bandeiras, especialmente questões ambientais e climáticas. Para alguns, o ativismo dos tempos de príncipe não cairá bem para o rei; para outros, a chance de Charles ter brilho próprio está exatamente nessa atuação. 

“Acho que ele fez muito mais do que qualquer um para aumentar a conscientização e chamar a atenção para o que é necessário e, o mais importante, para reunir as pessoas para pensar nas soluções. A profundidade de seu conhecimento e a amplitude de seus interesses são realmente notáveis”, afirmou ao Climate Home o ambientalista Tony Juniper, que também foi assessor do então Príncipe de Gales. 

De fato, desde o começo dos anos 1970, ele se envolveu com questões ambientais e foi um dos primeiros nomes de relevância política a falar sobre mudança do clima, quase duas décadas antes da adoção da Convenção da ONU sobre o problema.

Charles III já deixou evidente que sua chegada ao trono britânico deve mudar a maneira como ele se envolve e se expressa nos assuntos públicos.

“Não será mais possível dedicar tanto do meu tempo e energia a instituições de caridade e questões pelas quais me importo tão profundamente”, disse ele em seu 1o discurso como rei. “Mas eu sei que este importante trabalho continuará nas mãos confiáveis ​​de outros”. 

Já a Fortune lembrou uma entrevista de 2018 na qual Charles reforçou, de maneira curiosamente honesta, sobre a mudança de conduta necessária ao assumir o trono. Questionado na época se continuaria com seus posicionamentos públicos como rei, ele respondeu sem rodeios: “Não, não vou. Eu não sou tão estúpido”.

No entanto, como assinalado pelo Washington Post, será difícil para o novo rei abandonar as opiniões e convicções expressas abertamente em público por décadas. Assim, o mais provável é que Charles III tente um meio termo em seus pitacos políticos, inclusive na seara climática, entre o silêncio solene de sua mãe e o falatório aberto dos tempos de príncipe. 

Bloomberg, Fox News, MetSul, UOL Ecoa e Um Só Planeta também repercutiram a chegada de Charles ao trono britânico.

Em tempo: Ainda sobre o novo rei, Jamil Chade lembrou no UOL a esnobada dada pelo presidente Bolsonaro ao então príncipe Charles na reunião do G20 do ano passado, em Roma. O agora monarca tinha marcado uma conversa com líderes do grupo para discutir a questão climática na véspera da Conferência de Glasgow (COP26). Ao invés da conversa, o brasileiro preferiu passear pela Cidade Eterna, em meio a agressões de seus seguranças a jornalistas.

 

ClimaInfo, 12 de setembro de 2022.

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