ONU: mundo está “na direção errada” quanto à crise climática, diz novo relatório

ONU crise climática
Fareed Khan/AP

Em mais um puxão de orelha de cientistas, um novo relatório publicado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, sigla em inglês) destaca que o mundo está na “direção errada” no enfrentamento à mudança do clima, com uma lacuna enorme e crescente entre as aspirações dos países e a realidade da ação climática. O documento United in Science mostra que as concentrações de gases de efeito estufa (GEE) continuam a subir para níveis recordes, com a queima de combustíveis fósseis acima dos níveis pré-pandemia, o que impõe obstáculos significativos à viabilização dos compromissos assumidos sob o Acordo de Paris.

O documento é contundente em seus alertas. Os últimos sete anos, de 2015 a 2021, foram os mais quentes já registrados. A temperatura média global nesse período ficou 1,17ºC ± 0,1ºC acima da média observada entre 1850 e 1900. Nos últimos dois anos, a ocorrência do La Niña no Pacífico aliviou parte desse calor extra, mas com efeito temporário. Ao mesmo tempo, prevê-se que a temperatura média anual global para o período 2022-2026 fique entre 1,1ºC e 1,7ºC acima dos níveis pré-industriais, com 48% de chances de que a temperatura média exceda temporariamente o limite de 1,5ºC. Há uma probabilidade de 93% de que pelo menos um ano dos próximos cinco registrem temperaturas médias superiores ao ano mais quente já registrado (2016), e que a temperatura média para o período seja maior do que a dos últimos cinco anos.

“Enchentes, secas, ondas de calor, tempestades extremas e incêndios florestais estão piorando, quebrando recordes com frequência alarmante. Ondas de calor na Europa, inundações colossais no Paquistão, secas prolongadas e severas na China, no Chifre da África e nos Estados Unidos. Não há nada de natural na nova escala desses desastres. Eles são o preço do vício da humanidade em combustíveis fósseis”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. “É mais importante do que nunca que intensifiquemos a ação em sistemas de alerta precoce para construir resiliência aos riscos climáticos atuais e futuros em comunidades vulneráveis”.

AFP, Associated Press, Fortune, Guardian, Independent e Reuters, entre outros, destacaram o alerta da WMO em seu novo relatório climático.

 

ClimaInfo, 14 de setembro de 2022.

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