Mortes violentas de crianças e adolescentes na Amazônia Legal superam média nacional

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divulgação / foto ilustrativa

A explosão da violência na Amazônia, expressa no aumento de casos de ameaças, agressões e assassinatos, também atinge as faixas etárias mais jovens da população local. Um levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a pedido do movimento Agenda 227, mostrou que em 2021 o número de mortes violentas de crianças e adolescentes, de zero a 19 anos de idade, é 34% superior à média observada no resto do Brasil. Enquanto a taxa nacional de assassinatos de crianças e adolescentes foi de 8,7 a cada 100 mil habitantes em 2021, o índice nos estados da Amazônia Legal foi de 11,1.

Junto com os assassinatos, os casos de abuso sexual e estupro de menores também aumentaram acima da média nacional. A taxa de estupros de crianças e adolescentes na Amazônia Legal (90,9 a cada 100 mil pessoas) é 7,6% acima da média nacional (85,5). A maior parte dos casos de estupro (72,3%) vitimou crianças e adolescentes até 13 anos de idade, e a esmagadora maioria (90%) foi de meninas.

Esses números ficam mais assustadores se considerarmos que, a despeito de ter pouco mais de 16% da população brasileira de zero a 19 anos, a Amazônia concentra mais de 20% das mortes violentas intencionais nesta faixa etária de todo o país.

“O estupro é o que mais chama a atenção na Amazônia Legal”, assinalou Lucas Lopes, da Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes, ao Valor. “Nossa análise mostra que as políticas públicas na Amazônia Legal para crianças e adolescentes, e as de prevenção de violência, desconsideram aspectos fundamentais do território. Não consideram, por exemplo, aspectos de geografia e condições de deslocamento quando se instalam os equipamentos de saúde e assistência”.

A Folha também destacou os principais pontos do estudo.

Em tempo: O Brasil entrou em uma lista feita pela ONU de países onde ativistas e defensores dos Direitos Humanos sofrem ameaças e represálias, ao lado de nações como Egito, Cuba, China, Irã, Arábia Saudita e Venezuela. Como Jamil Chade assinala no UOL, o caso da líder indígena Alessandra Munduruku foi citado em um relatório anual que elenca episódios de violência e agressão contra ativistas: ela sofreu ameaças depois de voltar da Conferência do Clima de Glasgow (COP26), em novembro do ano passado, onde fez críticas à política ambiental e indigenista do governo brasileiro. O jornalista também destacou outra citação negativa ao Brasil na ONU: em comunicado, oito relatores da área de Direitos Humanos reforçaram a preocupação com a possibilidade de violência no processo eleitoral no país. O documento não aponta o dedo para nenhum candidato, mas critica ataques feitos contra o Judiciário, as urnas e as instituições democráticas.

 

ClimaInfo, 23 de setembro de 2022.

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