Africanos têm dificuldades para participar da COP27 no Egito

COP27 África dificuldades
Nardus Engelbrecht / AP

A realização da Conferência do Clima da ONU (COP27) deste ano no Egito era vista como uma oportunidade importantíssima para que ativistas climáticos da África pudessem finalmente se fazer ouvir no espaço oficial de negociação depois de mais de cinco anos de COPs na Europa. No entanto, para boa parte deles, a experiência até aqui tem sido muito mais difícil do que era esperado.

De acordo com o Guardian, pouco mais de 20% dos representantes de organizações sociais africanas de base que pleitearam participação na COP27 conseguiram garantir o credenciamento. E o financiamento necessário para transporte, hospedagem e alimentação está ainda mais escasso. Para piorar, o caos das autoridades egípcias na gestão da rede hoteleira de Sharm el-Sheikh faz com que os preços subam cada vez mais, impedindo a participação dos mais pobres.

“Apesar do Egito ser chamado de COP africana, estamos tendo um desafio muito sério e vários dos países mais afetados pela crise climática não estarão representados lá”, denunciou Goodness Dickson, da Nigéria. Mesmo ativistas que participaram de COPs recentes, como a de Glasgow no ano passado, relatam dificuldades financeiras e operacionais para conseguir chegar ao Egito no mês que vem.

Na esfera multilateral, negociadores de vários países africanos reforçaram nesta 5a feira (6/10) em um encontro preparatório em Gizé, no Egito, que a COP precisa avançar significativamente na questão do financiamento climático, com uma definição sobre a meta de US$ 100 bilhões anuais prometidos pelas nações desenvolvidas a partir de 2020, o que ainda não foi cumprido. O Guardian deu a notícia.

Já os países do Caribe e outras pequenas nações insulares ressaltaram o objetivo de finalmente colocar em discussão nesta COP um compromisso de compensação financeira por perdas e danos causados por eventos climáticos extremos nos países mais vulneráveis. Bloomberg e Reuters reportaram essa cobrança.

Em tempo: Faltando menos de dois meses para a 2ª parte da COP15 da Convenção de Biodiversidade, que acontecerá em dezembro em Montreal (Canadá), o governo da China, que preside as negociações, ainda não fez o convite formal aos chefes de Estado e de governo para participarem da abertura do evento. Segundo o Guardian, as autoridades chinesas convidaram apenas ministros e observadores; nem mesmo o presidente Xi Jinping parece disposto a participar do encontro, talvez em um esforço para minimizar a importância da COP e esconder o fato de que ela esteja acontecendo fora da China por causa da política “COVID zero” por ele implementada.

 

ClimaInfo, 07 de outubro de 2022.

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