Crise climática aumentou risco de seca em pelo menos 20 vezes no hemisfério norte

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Jon Super / AP

As mudanças climáticas tornaram a seca recorde que afetou diversas áreas do hemisfério norte no último verão pelo menos 20 vezes mais provável, de acordo com um novo estudo de atribuição apresentado pelo grupo World Weather Attribution (WWA).

De acordo com os cientistas, um verão tão quente quanto o de 2022 teria sido “virtualmente impossível” sem o aquecimento global.

A América do Norte, a Europa Ocidental e a Central e a China experimentaram um verão particularmente quente e seco neste ano. A estiagem e as temperaturas mais altas prejudicaram a produção agrícola e o fornecimento de energia, exacerbando as crises na oferta de comida e eletricidade desencadeadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

Nos EUA e nos países europeus, a junção de calor e seca intensificou os incêndios florestais, inclusive em áreas onde o fenômeno é bastante raro (como o Reino Unido).

Segundo a análise, a mudança climática induzida pelos seres humanos teria tornado a estiagem do último verão até seis vezes mais provável no continente europeu. Já nas áreas extratrópicos do hemisfério norte, a intensificação foi mais extrema, por um fator de pelo menos 20.

“Os modelos analisados também mostram que a seca da umidade do solo continuará a aumentar com o aquecimento global adicional, o que é consistente com as tendências projetadas de longo prazo nos modelos climáticos, conforme relatado, por exemplo, no 6o relatório de avaliação (AR6) do IPCC”, disseram os cientistas.

Associated Press, Axios, Financial Times, Folha e Guardian, entre outros, destacaram as conclusões desse estudo de atribuição.

Em tempo: Seca e fome não são fenômenos raros na África Subsaariana. No entanto, a crise climática está elevando o problema a patamares inéditos e ameaçadores, que podem colocar em risco a sobrevivência de milhões de pessoas em uma das áreas mais pobres do planeta. “A maioria dos povos da África Subsaariana são agricultores, pescadores e pastores e, portanto, dependem da agricultura, mas não têm muita infraestrutura para ajudá-los a lidar com os choques climáticos”, afirmou Pritha Mitra, economista do FMI, à revista TIME. Para piorar, a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxe não apenas problemas para as cadeias de fornecimento de alimentos para esses países, mas também dificultou a chegada de ajuda humanitária internacional, com uma parte significativa sendo destinada para o atendimento às vítimas do conflito no leste europeu.

 

ClimaInfo, 07 de outubro de 2022.

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