Perdas e danos: a era dos eventos extremos aprofunda a injustiça climática

9 de outubro de 2022

Cerca de 50% das águas que alagaram o sul do Sindh, no Paquistão, já recuaram, informou o Ministério das Relações Exteriores do país. Isto representa o primeiro sinal de alívio para a província mais afetada pelas chuvas extremas de cerca de um mês atrás e que causaram enchentes em ⅓ do país.

Segundo reporta a AP, a diminuição das enchentes na região traz esperanças de que os agricultores possam semear trigo dando um primeiro passo para a volta a uma vida normal. Neste momento, a maior parte da população da província está desabrigada.

“Nunca vi este tipo de devastação, inundação e sofrimento de nosso povo em minha vida. Milhões de pessoas foram deslocadas, tornaram-se refugiados climáticos dentro de seu próprio país”, disse ao The Guardian o primeiro-ministro paquiestanês, Shehbaz Sharif. Ao jornal britânico ele descreve a situação absurda de estar “mendigando” ajuda dos países poluidores – sabidamente os culpados mais diretos pela intensificação das chuvas das monções naquela região do mundo.

Uma análise publicada pela Bloomberg na sexta (7/10) descreve os dois aspectos da diplomacia climática que ganharam contornos mais definidos após as chuvas no Paquistão: os impactos econômicos de eventos extremos agravados pela mudança do clima serão cada vez maiores; e a pressão para que as nações mais ricas e poluidoras paguem pelas perdas e danos desses eventos já é incontornável.

“Meu pedido é muito simples. É que os países afetados pelo clima cuja pegada de carbono é inferior a 1% das emissões globais de GEE não deveriam ter que suportar o fardo das contribuições de outras pessoas”, disse à Bloomberg Sherry Rehman, ministro paquistanês para a Mudança Climática.

Em tempo: Muitas partes do sul global enfrentam simultaneamente este cenário de injustiça climática. O NYT relatou a situação da capital do Nepal, Katmandu, após o derretimento de geleiras do Himalaia em junho ter destruído um projeto que finalmente levaria água encanada aos habitantes. Já no Chade, torrentes em agosto e setembro inundaram diversos cultivos, afetando quase 1 milhão de pessoas e agravando a insegurança alimentar em toda a África central.

 

ClimaInfo, 10 de outubro de 2022.

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