COP27 deve ser “campo de batalha” para compensação por perdas e danos

11 de outubro de 2022
COP27 perdas e danos
Abdul Majeed / European Union / Flickr

A reputação de toda a agenda de diplomacia climática – incluindo o Acordo de Paris – estará por um triz sem um avanço no tema de perdas e danos na COP27. Este é o tom da cobertura sobre o evento no exterior a menos de um mês para a Conferência. É também a opinião dada pela arquiteta do Acordo e chefe do Fundo Europeu para o Clima, Laurence Tubiana, ao FT

Já a presidência egípcia do evento trabalha para ampliar esse escopo, tentando colocar o foco na implementação do Acordo. Há razões para pessimismo nos dois campos: a maioria dos grandes poluidores deixou de submeter uma atualização mais ambiciosa de suas metas nacionais (NDCs) antes do encontro; ao mesmo tempo, a guerra russa tem mobilizado fundos dos países ricos, esvaziando a agenda de financiamento climático para os países vulneráveis.

“É possível que seja muito decepcionante e que a história da COP27 seja uma história de fracasso e de falta de entendimento com a escala do desafio. Isso só iria aumentar a pressão para o próximo ano, quando os eventos geopolíticos e as crises energéticas ainda não terão abrandado”, disse também ao FT o analista climático do think thank E3G, Alex Scott.

Os países europeus e os EUA se negaram a concordar com o pagamento por perdas e danos aos países vulneráveis durante a COP26, protelando uma responsabilização que já é inquestionável. Mas tanto o bloco europeu como a Alemanha parecem estar tentando salvar este desfecho. O Climate Home reporta que a União Europeia apresentou, em um evento pré-COP na República Democrática do Congo, propostas tanto para as compensações, como para um sistema global de alertas de eventos extremos e resposta a desastres naturais. Na mesma linha, a ministra alemã das relações exteriores, Annalena Baerbock, disse que defenderá a questão das responsabilizações e do financiamento climático na COP27 após uma reunião com sua contraparte paquistanesa em Berlim. “Como um dos países mais atingidos do mundo, o Paquistão está pagando um preço alto pelas emissões globais de CO2. É por isso que a Alemanha vai trabalhar para uma divisão justa dos custos na COP27 no Egito, colocando a questão da adaptação climática, mas em particular também a questão das perdas e danos”, afirmou ontem a ministra. A notícia é da AP.

Ajuda que tarda, falha. Enquanto as águas baixam lentamente, a crise social no Paquistão se agrava. Quase 100% das plantações de algodão e arroz foram destruídas e metade das escolas estão total ou parcialmente destruídas na província de Sindh – e este nível de danos se repete em muitas outras cidades e vilas paquistanesas, reporta a AP. 

Em tempo: A proteção do clima e da biodiversidade precisa ser traduzida em leis específicas de Direitos da Natureza, defende um novo relatório publicado na revista Law Society. O texto escrito por juristas britânicos analisa legislações que já defendem que as outras partes da natureza, além dos humanos, têm direitos intrínsecos de existir – como é o caso das Constituições do Equador e da Bolívia. Esta interpretação pode ser um tema emergente em matéria de direito internacional e constitucional. Bloomberg e The Guardian cobrem o documento em detalhes.

 

ClimaInfo, 11 de outubro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar