A equação de Bolsonaro na Amazônia: mais desmatamento, mais votos?

Bolsonaro voto de desmatamento
Tasso Azevedo/OC

A leniência do governo de Jair Bolsonaro com o combate ao desmatamento foi recompensada com um aumento de sua votação no 1o turno nas dez cidades com maior índice de desmate na Amazônia no último ano.

Na Folha, Giovana Girardi trouxe um levantamento feito pelo Observatório do Clima sobre o desempenho do atual presidente nas urnas no ranking de municípios amazônicos recordistas de desmatamento no último ano.

Bolsonaro venceu em oito dos dez municípios, um a mais do que em 2018; em outros seis, ele ampliou sua margem de vitória sobre o 2o colocado. Um exemplo é Novo Progresso (PA), cidade que ganhou fama (ou infâmia) em 2019 pelo “Dia do Fogo”, uma ação coordenada entre fazendeiros, madeireiros e empresários da região para incendiar áreas desmatadas ilegalmente. Em 2018, Bolsonaro obteve 72,7% dos votos válidos; no último dia 2, esse índice subiu para 79,6%, a 4a maior votação obtida pelo presidente neste 1o turno.

A votação de Bolsonaro também cresceu em Altamira, São Félix do Xingu, e Itaituba, todas no Pará, além de Apuí (AM) e Colniza (MT). Em Pacajá (PA), onde quatro anos antes o presidente perdeu para Fernando Haddad, ele conseguiu uma virada sobre o ex-presidente Lula. Na outra ponta, o candidato do PT venceu apenas em Lábrea (AM) e Portel (PA).

“Não é nenhuma surpresa que o cruzamento do mapa eleitoral com o do desmatamento mostre esse resultado. Criminosos ambientais na Amazônia e no resto do país nunca foram tão beneficiados e estimulados como no governo Bolsonaro, e votam nele por gratidão e por identificação com o que ele representa”, observou Marcio Astrini, secretário-executivo do OC.

 

ClimaInfo, 13 de outubro de 2022.

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